A última postagem do blog, com a matéria de Yago Martins chamada "Por que Deus não salva todos?" acabou fermentando algumas reações psicotrópicas no meu cérebro e achei por bem comentar alguns tópicos que me vieram à cabeça.
Vocês devem ter notado que no clipe acima, da banda Avenged Sevenfold, as pessoas estão literalmente dando mosh pit (leia-se "pulando") no inferno. Pois bem, quando perguntaram a Jesus se poucos seriam os que se salvam, saquem a resposta soturna do mestre:
Alguém lhe perguntou: "Senhor, serão poucos os salvos?"
"Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu digo a vocês que muitos tentarão entrar e não conseguirão".
Lucas 13:23-24
Ou seja, a resposta é um sonoro SIM!
Lembram-se da passagem citada na última matéria? A de Mateus 11:21-23...
Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza. [...] E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje.
Ou seja, abrem-se duas possibilidades:
a) Ou Deus sabia o que era necessário para que tais cidades, que padecerão no juízo, fossem salvas e não o fez ou... (permitam-me acrescentar essa breve conjectura):
b) Deus criou um multiverso onde existem múltiplas versões do mesmo universo com cenários drasticamente diferentes!
Ora, de onde surgiu essa possibilidade bizarra da letra "b"? Me permitam dizer algumas coisas:
1 - A questão aqui é: como Deus poderia afirmar categoricamente algo baseado num conhecimento probabilístico calculado, ou seja, de algo que podia acontecer e não aconteceu? Ora, se não aconteceu, é ilógico saber como aconteceria! Todo mundo sabe que, esporadicamente, acontecem coisas que contrariam as probabilidades. Um exemplo clássico são os vencedores da loteria, as pessoas atingidas por raios e vítimas de acidentes de avião (que muitos consideram o meio de transporte "mais seguro" estatisticamente falando).
2 - A onisciência de Deus não é incompatível com o saber empírico. O que quero dizer é que talvez, apenas TALVEZ, a onisciência de Deus se baseie em algo concreto, em já ter feito universos como este em direções ligeiramente diferentes onde pôde contemplar os resultados de múltiplas formas.
Acha absurdo? Então pense da seguinte forma: Deus vê/está ao mesmo tempo passado, presente e futuro e é conhecedor de todas as coisas, inclusive coisas que (nesse universo) não aconteceram, certo?). Ok, imagine então a doutrina da eleição que, a grosso modo é: Deus sabe com antecedência quem vai escolher ser por ele salvo, mas as condições que propiciam a essa pessoa o conhecimento de Deus não dependem dela, mas de Deus o escolher para se revelar a Ele, certo? (E isso é bíblico: uma crença neotestamentária! Não fui eu quem inventou... De fato, algumas das afirmações que baseiam isso são do próprio Cristo e seus apóstolos de primeira linha. Leia Mateus 22:14, João 6:44-45, II Tessalonicenses 2:13, Romanos 9:14-18 e 22, Efésios 1:4, I Pedro 1:2)
Imaginou? Ótimo. Pois vou lhes propor um paradoxo: Se Deus já vê/está no passado, presente e futuro, da perspectiva de Deus que poderia ser comparada ao nosso "agora" os salvos já estão com Ele eternamente e os ímpios já se perderam desde antes da rebelião de Satanás!
Não é tão confuso quanto parece, vejam: Se eu, pela graça de Deus, sou eternamente salvo, Deus, que agora me vê e também está aqui (onipresença, lembra?) enquanto escrevo essa matéria, que me viu informe no útero de minha mãe, e lá também estava também, já me vê e já está comigo presencialmente no novo céu e nova terra. O mesmo vale se eu me perder ou estiver perdido. Tudo que acontecerá já aconteceu da perspectiva de Deus, como se todos os tempos e possibilidades estivessem atadas entre si desde sempre.
Pra quem já leu algo do escritor de ficção non-sense Douglas Adams, em sua obra Guia do Mochileiro das Galáxias, sabe a confusão que se faz quando se tenta conjugar qualquer tempo verbal quando se pode viajar no tempo. Eu comi um sanduíche numa manhã de sábado em 2014 e, no mesmo dia, volto pra 2004 na máquina do tempo do pai do Thiaguinho, fraga? Então, em 2004, eu devo dizer: Eu comirirei o sanduíche numa manhã de sábado em 2014!
Permitam-me estender minha imaginação só um pouquinho além: Lembro-me de, na infância, ter assistido a um desenho chamado Detonator Orgun onde havia uma raça alien tecnologicamente ,uito mais desenvolvida que nós e estaria atacando a humanidade no intuito de invadir e tomar posse da Terra. O desenho era complexo. preciso reassistí-lo um dia desses pra saber se o exemplo que darei agora está certo ou foi um equívoco de interpretação minha na época, afinal, eu só tinha 11 anos então:
Havia uma personagem alien que queria a paz e se comunicava com uma telepata humana na tentativa de evitar que as raças se digladiassem porque isso resultaria no extermínio de ambas (e não apenas da humana que não tinha condições armamentistas de lutar inclusive)! Parece uma afirmação estranha porque o embate deveria significar apenas a extinção humana, e só. Outro detalhe é que as duas personagens referidas eram IGUAIS. O que levou minha mente de criança a concluir (veja bem, não me recordo se isso realmente estava na história ou se foi erro de interpretação minha na época): a raça alien é, de fato, a raça humana evoluída, no futuro! A invasão não pode acontecer porque, se acontecer, os aliens nunca virão a existir! Então, para se preservar, eles devem desistir de guerrear contra a Terra (o que, de fato, acontece). Isso dá a impressão de que a eternidade é, para Deus, um ciclo, parecido com o "eterno retorno" de Nietzsche.
Todavia, como diria Wayne, do Manifesto de Wayne: "Essa parte é imaginação." Talvez eu apenas tenha lido gibis e visto desenhos demais na vida, mas fica a reflexão. ;-)
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