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sábado, 28 de junho de 2014

Paradoxo da Profecia: Teoria do Multiverso x Destinos Relativo e Absoluto ☑


Na época do segundo grau (faz tempo...) eu sustentava a ideia de que existe destino. Ou melhor, destinos: um relativo e um absoluto.


Há de se concordar que liberdade/livre-arbítrio não é sinônimo de poder fazer de tudo. Liberdade é fazer o possível com o que se tem. Ex.: No momento que Fernanda, namorada de João, morre, João, posteriormente, decide se casar com Cláudia. Cláudia nunca será Fernanda e João terá que viver com isso. Mas, João poderia ter terminado com Fernanda (ou vice-versa) se ela não morresse e, partindo da ideia que João não fosse um galinha, ainda assim teria que viver sem Fernanda.


A partir de circunstâncias da vida, João acabou por se casar com outra pessoa que não fazia parte do plano original. As circunstâncias excluíram Fernanda das suas opções.


Outro exemplo: A Nokia decidiu parar de produzir celulares com sistema operacional Symbian, substituindo-o pelo Windows Phone há alguns anos. Nenhum Windows Phone veio de fábrica com Symbian devido a essa decisão.

Ainda sobre celulares: no geral, aparelhos com teclados físicos caíram em desuso a maioria das empresas já deixaram de fabricá-los porque a maioria das pessoas  prefere touchscreen. As possibilidades de exemplos são infinitas.

Pegando um dos exemplos: a partir de uma limitação de mercado mudamos o paradigma dos modelos de celular. 

Entretanto, a princípio, eu não havia chegado à conclusão de que a liberdade se torna menor a cada escolha sozinho... eu retirei isso da Bíblia. A Bíblia menciona profecias e eu creio nisso e minha visão sobre destinos foi daí derivada.
E o que são profecias? Oráculos sobre acontecimentos futuros. E também paradoxos já que, uma vez revelada a profecia, você nunca sabe se ela se cumpre porque não havia outra realidade possível ou se ela acontece porque você foi levado a crer que aconteceria e acaba por causá-la.

Minha mãe odiava quando eu vinha com um "Mas e se..." antes dela sair ao me dar suas ordens do dia e até em conversas sobre fé. Para minha mãe, se você crê não tem "e se". Será? 

Eu resolvi investigar quantas partículas condicionais na Bíblia eram ditas pelo próprio Deus. O volume da partícula "se" nas promessas bíblicas é avassalador. Resolvi compartilhar algumas:



"SE ouvires atentamente a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o Senhor teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra."
Deuteronômio 28:1

"SE o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra."
2 Crônicas 7:14 


"SE em qualquer tempo eu falar acerca duma nação, e acerca dum reino, para arrancar, para derribar e para destruir, e SE aquela nação, contra a qual falar, se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que intentava fazer-lhe. E SE em qualquer tempo eu falar acerca duma nação e acerca dum reino, para edificar e para plantar, SE ela fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que lhe intentava fazer."
Jeremias 18:7-10

"SE alguém tem sede, venha a mim e beba."
João 7:37

"SE fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador em ira contra aquele que pratica o mal."
Romanos 13:4

"SE andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado."
1 João 1:7


Os exemplos param por aqui, mas há dezenas de outros, explícitos e implícitos como: a insistência de Deus em definir a benção e a maldição nos montes Gerizim e Ebal em Deuteronômio 11, a sentença de morte do rei Ezequias por parte de Deus, postergada em 15 anos conforme 2 Reis 20, as proclamações de Ezequiel 18 (que eu aconselho a todos vocês que LEIAM), a iminente destruição de Nínive, a qual Deus atrasa diante do arrependimento da geração que ouviu a pregação de Jonas (o da baleia, fraga?), etc.

Após esses exemplos, todos condicionais, a primeira coisa que eu concluí é que não existe amor incondicional, nem por parte de Deus, já que Ele nos muda, requer obediência e até existe um pecado que ele não pode perdoar, conforme Marcos 3:29. Portanto, só existe perdão até um certo ponto. 

A própria palavra "incondicional" é mais um termo de efeito que uma possibilidade lógica (não ter condições já é uma condição, etc, etc, etc). Mas, o que me chamou a atenção é que Deus diz, com todas as letras, que SE fizermos o mal, nos irá mal; SE fizermos o bem, nos irá bem. Alguém mais, além de mim, notou que a ideia implícita é que tudo que fazemos poderia ser de outra forma? Nossas vidas, nossas escolhas, até nossa salvação?

Por outro lado, em algumas profecias, o que temos é uma afirmação oposta: "é necessário que tudo isso se cumpra" (Mateus 1:22, 2:23; 4:14, 5:18, 8:17; 24:34-35; Lucas 21:22, 22:37; Atos 1:16). 

Ora, se há coisas que PODEM ser diferentes e há coisas que PRECISAM acontecer, então, levando a palavra "destino" ao pé dá letra: existem vários caminhos contidos numa mesma rota.

Ao analisar a questão do destino, surgem 3 possibilidades:

1 - Ou o que PRECISA acontecer é gerado pelo que acontece, ou;

2 - Existe um limite calculável de destinos possíveis, ou;

3 - Ambas as possibilidades 1 e 2 coexistem (pois não são contraditórias) pois, como como uma ação limita as possibilidades de reação/escolhas que nos surgem, os vários destinos possíveis convergem para um só, que é o que ocorre.

Mas isso não é conhecimento inútil? Não. E vou dizer porquê: Santo Agostinho acreditava que há uma possibilidade infinita de reações boas ou más que uma pessoa pode ter ante um fato e Deus sabe destas porque enxerga tudo de fora do tempo (dando até certa margem para a teoria do multiverso, se você prestar atenção). Portanto, Deus, em seu "infinito" amor e sabedoria "escolhe" os salvos por saber antecipadamente suas reações num mundo que ele criou com a regra do livre-arbítrio, onde cada um escolhe se quer ou não atender ao chamado da graça de Deus, lembrando que, num universo com livre-arbítrio, cada decisão limita a próxima. 
A pergunta então é: se o ser humano tem um potencial infinito para o bem ou para o mal, porque Deus não criou um universo em que os "salvos" de nosso universo se perdem e os "perdidos" se salvam? 

Não estou falando de inverter valores, mas de situações em que pessoas que rejeitam a Deus poderiam tê-lo aceitado. Se Deus assim não o faz, está usando de acepção de pessoas e favoritismo. O que nos leva ao seguinte problema:

a) Ou EXISTEM múltiplos universos com versões alternativas de nós (em alguns deles... Lembrem-se, cada escolha limita a próxima. Seus pais de outro universo podem não ter se casado, nunca ter se conhecido, falecido antes de sua versão alternativa nascer, e o mesmo vale para eles próprios que, em algum dos infinitos universos, também nem vieram a existir). E se existem múltiplos universos com versões alternativas de nos, essas versões alternativas estão tomando milhares de decisões diferentes das nossas e limitando mais ainda suas opções nas decisões futuras, convergindo para "destinos" completamente diferentes do nosso. Do contrário...

b) Deus é injusto.


O cerne do que estou tentando explicar é que, diante da impossibilidade de se demonstrar universos alternativos (fora dos gibis) é preciso dizer que Santo Agostinho, muito provavelmente, errou, pois Deus não seria Deus se fosse injusto. Infinito é uma ideia ilógica e isso é fato sabido desde os paradoxos de Zenão de Eleia (século V a.C.).
Portanto, é mais provável que não apenas não haja universos paralelos como nossas reações são igualmente limitadas ao meio e à nossa estrutura mental e espiritual...

Mas e quanto às nossas escolhas? Sobre como nossas vidas poderiam ter seguido rumos diferentes, melhores talvez? Por que, afinal, as coisas são como são? É o tipo de pensamento que você tem em dias de marasmo pensando porque diabos sua vida não muda ou alguma coisa muito desejada foi perdida ou mesmo sequer chegou a acontecer.

Depois de tudo, a certeza que nos resta é a mesma que Aslam ressoa nos trechos finais de "Príncipe Caspian": "Essas coisas não se diz à ninguém."



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