Parte 4 da série de refutações aos 21 argumentos da Igreja Católica para rejeitar a Sola Scriptura.
6: Os primeiros
cristãos não tinham uma Bíblia completa
Comentário do Proibido Pensar: De certo os cristãos primeiros não tinham uma Bíblia, apenas o
Antigo Testamento. Mas como eles o usavam? O exemplo maior está registrado em
Atos 8:26-39, os primeiros cristãos utilizavam o Antigo Testamento para
esclarecer as pessoas quanto a ser Jesus o Cristo profetizado pelos antigos.
Isso por si já é um exemplo prático de que o ensino cristão começa a partir da
escritura e se dá pela escritura como principal base e não pela tradição. Mas
prossigamos...
Argumento
Católico: "Se a
doutrina protestante da Sola Scriptura fosse verdade, então houveram disputas e
discussões dentro das comunidades que não tiveram a oportunidade de ser
resolvidas definitivamente, até que os livros do Novo Testamento fossem
escritos, mesmo já existindo uma Igreja antes que a Bíblia estivesse
completa."
Refutação: De
fato, as discussões que não puderam ser resolvidas ACONTECERAM! A controvérsia
doutrinária era tão grande que o imperador Constantino, para poder tornar o
Cristianismo a religião oficial do Império Romano, teve de conclamar um debate
para chegarem a algum consenso doutrinário no chamado CONCÍLIO DE NICÉIA!
Embora não
houvesse cânon do Novo Testamento (ainda não finalizado realmente até o final
do primeiro século) não podemos nos esquecer que Jesus se revelou e deu a
missão de pregar o evangelho em todo mundo ao povo judeu que tinha conhecimento
da Torah (lei de Moisés) e aos livros poéticos, históricos e proféticos do
Antigo Testamento, do contrário como identificariam em Jesus o messias
PROFETIZADO NAS ESCRITURAS, a exemplo de como Filipe desvenda nas escrituras
para o eunuco que falavam de Jesus Cristo? Ou seja, havia o pleno conhecimento
do Antigo Testamento como regra de fé apontando para Cristo como o messias:
essa era a "Bíblia" por assim dizer, dos judeus - os livros,
independentes, porém reconhecidamente inspirados por Deus, do Antigo
Testamento. Fosse qual fosse a condição da igreja primitiva as escrituras lhe
serviam SEMPRE de base. Sem contar que a Bíblia não endossa o papado em parte
alguma. Pelo contrário: a palavra latina papa/padre quer dizer "pai"
e o próprio Jesus, acautelando os discípulos sobre os muitos
"mestres" de sua época e a soberba de eles próprios talvez desejarem
serem chamados de "mestres", disse:
"Vós, porém,
não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois
irmãos. E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o
vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem queirais ser chamados guias; porque um
só é o vosso Guia, que é o Cristo."
Mateus 23:8-10
Sobre o catolicismo e o papado, vejam o que tem a dizer o arqueólogo brasileiro dr. Rodrigo Silva:
7. A Igreja
produziu a Bíblia, e não o contrário
Argumento Católico: Semelhantemente à organização que Nosso Senhor estabeleceu, Sua palavra é autoridade, mas porque esta palavra está posta em uma forma diferente da outra não significa que uma forma seja superior à outra. Pelo fato de a única Palavra de Deus ser dimórfica em sua organização, negar a autoridade de uma é negar a autoridade da outra. As formas da Palavra de Deus são complementares, não excludentes. Portanto, se há necessidade das Escrituras, também há necessidade da autoridade que a produziu.
Refutação: Sobre a igreja ter produzido a Bíblia deve-se responder: qual bíblia? E igualmente: qual igreja?
O argumento é falacioso. Historicamente foi o JUDAÍSMO que produziu o Antigo Testamento. O Novo Testamento, por sua vez, foi
produzido por cristãos contemporâneos aos relatos que descreve. O compêndio desses livros se deu de diferentes formas e com
diferentes inclusões e exclusões dentro do judaísmo, do catolicismo e do
protestantismo.
Além de que todas
as bíblias de todas as vertentes cristãs católicas e protestantes estariam
perpetuamente incompletas segundo esse argumento porque o critério para
estabelecer que livros entrariam ou não no cânon bíblico nunca foi consenso em
NENHUMA VERTENTE CRISTÃ! Isso pode ser confirmado consultando qualquer artigo
ou livro que trate da história da canonização dos livros bíblicos tanto no
Protestantismo quanto no Catolicismo baseado numa premissa que peça por vagueza
de linguagem: o critério para saber e um livro iria ou não para a bíblia era
justamente o da "inspiração divina". Ante a falta de posicionamento
direto de Deus gritando dos altos céus o que era ou não inspirado por Ele
restou às pessoas estudar quais profecias foram cumpridas e quais livros
religiosos não contradiziam outros entre si... Resultado: nunca houve
concórdia. Se a Bíblia protestante nesse critério vago está incompleta, a
católica também está, mesmo tendo aceito 7 livros a mais que a bíblia
protestante no intuito de preencher a lacuna de tempo histórica entre o Antigo
e o Novo Testamento quando não houve profeta em Israel, conforme relato do
historiador Flávio Josefo*. Isso pode ser confirmado nas fontes abaixo:
O Proibido Pensar
tem uma matéria sobre o problema do cânon. Clique aqui para acessar.
Outro fato
importante é que na antiguidade, paralelo aos evangelhos sinóticos haviam
pseudo-evangelhos visando se confundir com os relatos primários a respeito da
história e ressurreição de Cristo ou modificando o relato inicial para torná-lo
mais atraente, como no caso dos cristãos gnósticos (hereges) ou simplesmente
como propaganda política romana ou religiosa judaica para desacreditar o
movimento.
Obs.: Há um
episódio especial do programa Evidências do dr. Rodrigo Silva abordando se há
evidência histórica e arqueológica da ressurreição de Cristo. Recomendo o vídeo
a todos.
Na melhor das
hipóteses poderia-se admitir que a Igreja "criou" (na verdade o mais
certo seria admitir que a Igreja sim "encadernou"...) o Novo
Testamento.
Já contra o argumento da equivalência ou superioridade da Igreja em relação às Escrituras Sagradas, creio que seja importante nos lembrarmos do alerta de Cristo Jesus contra o perigo que é colocar a tradição em pé de igualdade ou acima das escrituras porque Ele mesmo CONDENOU essa conduta:
"E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus."
Mateus 15:6
Há ainda menções de Jesus repudiando a tradição humana em favor das escrituras em Mateus 15:3-9, Marcos 7:9; do apóstolo Paulo fazendo o mesmo em Colossenses 2:8 e até um alerta contra esse comportamento no ANTIGO TESTAMENTO dizendo a mesma coisa em Isaías 29:13!
8. (A Sola
Scriptura) É completamente estranha à Igreja Primitiva
Argumento Católico: "É de nossa costumeira observação que agora sob o Evangelho o povo está mais amargo, invejoso e avarento que antes sob o papado". Citação de Walch, XIII, 2195, em The Facts about Luther, p. 15.
Retorne à refutação dos itens 6 e 7 porque o item 8 é uma variação das mesmas afirmações. Se o princípio de interpretação da Bíblia pela Bíblia não é válido, como explicar as palavras de Jesus em João 5:39?
"Examinais
as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão
testemunho de mim."
Ou ainda, como
explicar as palavras do apóstolo Paulo em 2 Timóteo 3:16?
"Toda
Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender,
para corrigir, para instruir em justiça."
Sobre as demais
alegações do argumento, estudem os fatos referentes ao Santo Ofício na Idade
Média e tentem chegar às mesmas conclusões de que o evangelho pós-reforma está
"mais amargo, invejoso e avarento que antes sob o
papado. Confesso que não foi a essa conclusão que eu próprio cheguei em minhas
aulas de história...
Leia a postagem anterior na Parte 3
Continua na Parte 5
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