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terça-feira, 17 de setembro de 2013

PARADOXOS RELIGIOSOS: CATOLICISMO ROMANO (parte 4)




6: Os primeiros cristãos não tinham uma Bíblia completa

Comentário do Proibido Pensar: De certo os cristãos primeiros não tinham uma Bíblia, apenas o Antigo Testamento. Mas como eles o usavam? O exemplo maior está registrado em Atos 8:26-39, os primeiros cristãos utilizavam o Antigo Testamento para esclarecer as pessoas quanto a ser Jesus o Cristo profetizado pelos antigos. Isso por si já é um exemplo prático de que o ensino cristão começa a partir da escritura e se dá pela escritura como principal base e não pela tradição. Mas prossigamos...

Argumento Católico: "Se a doutrina protestante da Sola Scriptura fosse verdade, então houveram disputas e discussões dentro das comunidades que não tiveram a oportunidade de ser resolvidas definitivamente, até que os livros do Novo Testamento fossem escritos, mesmo já existindo uma Igreja antes que a Bíblia estivesse completa."

Refutação: De fato, as discussões que não puderam ser resolvidas ACONTECERAM! A controvérsia doutrinária era tão grande que o imperador Constantino, para poder tornar o Cristianismo a religião oficial do Império Romano, teve de conclamar um debate para chegarem a algum consenso doutrinário no chamado CONCÍLIO DE NICÉIA!

Embora não houvesse cânon do Novo Testamento (ainda não finalizado realmente até o final do primeiro século) não podemos nos esquecer que Jesus se revelou e deu a missão de pregar o evangelho em todo mundo ao povo judeu que tinha conhecimento da Torah (lei de Moisés) e aos livros poéticos, históricos e proféticos do Antigo Testamento, do contrário como identificariam em Jesus o messias PROFETIZADO NAS ESCRITURAS, a exemplo de como Filipe desvenda nas escrituras para o eunuco que falavam de Jesus Cristo? Ou seja, havia o pleno conhecimento do Antigo Testamento como regra de fé apontando para Cristo como o messias: essa era a "Bíblia" por assim dizer, dos judeus - os livros, independentes, porém reconhecidamente inspirados por Deus, do Antigo Testamento. Fosse qual fosse a condição da igreja primitiva as escrituras lhe serviam SEMPRE de base. Sem contar que a Bíblia não endossa o papado em parte alguma. Pelo contrário: a palavra latina papa/padre quer dizer "pai" e o próprio Jesus, acautelando os discípulos sobre os muitos "mestres" de sua época e a soberba de eles próprios talvez desejarem serem chamados de "mestres", disse:

"Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos. E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo."
Mateus 23:8-10

Sobre o catolicismo e o papado, vejam o que tem a dizer o arqueólogo brasileiro dr. Rodrigo Silva:



7. A Igreja produziu a Bíblia, e não o contrário

Argumento Católico: Semelhantemente à organização que Nosso Senhor estabeleceu, Sua palavra é autoridade, mas porque esta palavra está posta em uma forma diferente da outra não significa que uma forma seja superior à outra. Pelo fato de a única Palavra de Deus ser dimórfica em sua organização, negar a autoridade de uma é negar a autoridade da outra. As formas da Palavra de Deus são complementares, não excludentes. Portanto, se há necessidade das Escrituras, também há necessidade da autoridade que a produziu.

Refutação: Sobre a igreja ter produzido a Bíblia deve-se responder: qual bíblia? E igualmente: qual igreja?

O argumento é falacioso. Historicamente foi o JUDAÍSMO que produziu o Antigo Testamento. O Novo Testamento, por sua vez, foi produzido por cristãos contemporâneos aos relatos que descreve. O compêndio desses livros se deu de diferentes formas e com diferentes inclusões e exclusões dentro do judaísmo, do catolicismo e do protestantismo.

Além de que todas as bíblias de todas as vertentes cristãs católicas e protestantes estariam perpetuamente incompletas segundo esse argumento porque o critério para estabelecer que livros entrariam ou não no cânon bíblico nunca foi consenso em NENHUMA VERTENTE CRISTÃ! Isso pode ser confirmado consultando qualquer artigo ou livro que trate da história da canonização dos livros bíblicos tanto no Protestantismo quanto no Catolicismo baseado numa premissa que peça por vagueza de linguagem: o critério para saber e um livro iria ou não para a bíblia era justamente o da "inspiração divina". Ante a falta de posicionamento direto de Deus gritando dos altos céus o que era ou não inspirado por Ele restou às pessoas estudar quais profecias foram cumpridas e quais livros religiosos não contradiziam outros entre si... Resultado: nunca houve concórdia. Se a Bíblia protestante nesse critério vago está incompleta, a católica também está, mesmo tendo aceito 7 livros a mais que a bíblia protestante no intuito de preencher a lacuna de tempo histórica entre o Antigo e o Novo Testamento quando não houve profeta em Israel, conforme relato do historiador Flávio Josefo*. Isso pode ser confirmado nas fontes abaixo:


O Proibido Pensar tem uma matéria sobre o problema do cânon. Clique aqui para acessar.

Outro fato importante é que na antiguidade, paralelo aos evangelhos sinóticos haviam pseudo-evangelhos visando se confundir com os relatos primários a respeito da história e ressurreição de Cristo ou modificando o relato inicial para torná-lo mais atraente, como no caso dos cristãos gnósticos (hereges) ou simplesmente como propaganda política romana ou religiosa judaica para desacreditar o movimento.

Obs.: Há um episódio especial do programa Evidências do dr. Rodrigo Silva abordando se há evidência histórica e arqueológica da ressurreição de Cristo. Recomendo o vídeo a todos.

Na melhor das hipóteses poderia-se admitir que a Igreja "criou" (na verdade o mais certo seria admitir que a Igreja sim "encadernou"...) o Novo Testamento.

Já contra o argumento da equivalência ou superioridade da Igreja em relação às Escrituras Sagradas, creio que seja importante nos lembrarmos do alerta de Cristo Jesus contra o perigo que é colocar a tradição em pé de igualdade ou acima das escrituras porque Ele mesmo CONDENOU essa conduta:

"E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus." 
Mateus 15:6

Há ainda menções de Jesus repudiando a tradição humana em favor das escrituras em Mateus 15:3-9, Marcos 7:9; do apóstolo Paulo fazendo o mesmo em Colossenses 2:8 e até um alerta contra esse comportamento no ANTIGO TESTAMENTO dizendo a mesma coisa em Isaías 29:13!


8. (A Sola Scriptura) É completamente estranha à Igreja Primitiva

Argumento Católico:  de nossa costumeira observação que agora sob o Evangelho o povo está mais amargo, invejoso e avarento que antes sob o papado". Citação de Walch, XIII, 2195, em The Facts about Luther, p. 15.

Retorne à refutação dos itens 6 e 7 porque o item 8 é uma variação das mesmas afirmações. Se o princípio de interpretação da Bíblia pela Bíblia não é válido, como explicar as palavras de Jesus em João 5:39?

"Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim."

Ou ainda, como explicar as palavras do apóstolo Paulo em 2 Timóteo 3:16?

"Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça."

Sobre as demais alegações do argumento, estudem os fatos referentes ao Santo Ofício na Idade Média e tentem chegar às mesmas conclusões de que o evangelho pós-reforma está "mais amargo, invejoso e avarento que antes sob o papado. Confesso que não foi a essa conclusão que eu próprio cheguei em minhas aulas de história...




Leia a postagem anterior na Parte 3
Continua na Parte 5

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