Argumento Católico 9: Os heresiarcas
baseiam-se na interpretação sem o Magistério.
Refutação: O argumento é
falacioso. Para definir por meio da "tradição" o que era ou não
heresia. Os debates do Concílio de Nicéia foram feitos por meio do estudo das
escrituras disponíveis até então e dos relatos históricos do Cristianismo em
sua fase inicial. A autenticidade dos documentos era definida pela análise
doutrinária e pela autenticidade autoral do mesmo (ou seja, questões canonicas
eram resolvidas de acordo com uma abordagem historicista).
Há um lapso de
contexto nesse ponto. Há uma razão para a interpretação bíblica protestante não
se basear na interpretação oficial da Igreja Romana e ela remonta à Reforma
Protestante e, como sendo um de seus principais nomes, eu escolho o motivo de
Lutero para justificar esse ponto. E a justificativa não é complicada: Lutero
se sentiu traído pela Igreja Romana ao perceber que não pregava àquilo que
estava escrito mas o que lhe convinha para surfar recursos financeiros do povo
em nome da fé (algo não muito diferente das acusações lançadas contra certas
organizações religiosas ditas protestantes de hoje e essa conduta é excusa em
qualquer fé religiosa e o próprio Jesus deixou isso muito claro com uma reação
violenta no antigo Templo JUDAICO de Jerusalém, conforme se lê em Mateus
21:12-13, Marcos 11:15-18 e Lucas 19:45-46 relatando o mesmo incidente).
Como poderia um
movimento religioso pregar algo contrário à suas crenças fundamentais e
históricas, registradas em autos documentados?
Argumento Católico 10: O cânon da
Bíblia não estava formado até o século .
Refutação: Novamente a isso
se responde com a pergunta: qual cânon? Ao contrário do
que diz o argumento católico esse fato não é inconveniente aos protestantes. Nós
conhecemos a história dos canones. Sabemos que houve VÁRIOS e DISCORDANTES!
Exemplos:
*O cânon judaico
de Esdras do Antigo Testamento no retorno dos judeus para Jerusalém por volta
do século IV a.C.
*O cânon judaico do Concílio de Jâmnia sobre o
Antigo Testamento no ano 100 d.C. (em que Ester, Daniel, Cântico dos Cânticos,
ficaram de fora do cânon).
*O cânon
alexandrino ou septuaginta (datado entre os séculos I e II d.C.), defendido por
Santo Agostinho, apresentando os 46 livros do Antigo Testamento da Bíblia
católica, etc.
*O chamado
"canon hebraico" do século IV d.C. que uniu os 39 livros do Antigo
Testamento presentes hoje na Bíblia protestante.
Tudo isso ANTES da Reforma Protestante.
Quem se deparou
com os 21 argumentos sabe que a Igreja Católica usa repetidamente argumentos
quanto a sua infalibilidade na interpretação bíblica. Ora, infalibilidade
éretenção demais até para um cientista que pode demonstrar o que diz, diga lá
para um sistema religioso. Como a Igreja Católica acusa o Protestantismo de
herege ao questionar (racionalmente) o cânon no advento da Reforma se impondo
como "infalível" na interpretação das escrituras se sua
infalibilidade (pasmem) foi estabelecida por um decreto papal auto-promulgado
em 1870 pelo Papa Pio IX?¹
E isso só pra
falar de Antigo Testamento, já que o novo testamento nas Bíblias católicas e
protestantes é igual. Mas saibam vocês também que Martinho Lutero não
considerava canônicos livros do Novo Testamento como Novo Testamento como a
carta de Tiago - II Pedro - II João - III João - Judas - Apocalipse de João,
negando inclusive seu caráter eclesiástico.
A confusão sobre
o cânon é tão grande que Igreja Ortodoxa Russa resolve deixar como facultativa
a aceitação ou não do Cânon Alexandrino (o cânon católico atual).²
Sobre o próprio
Novo Testamento, antes de chegar ao formato atual teve antes que passar pelos
canones de Muratori (que não contava com as epístolas aos Hebreus, de Tiago e
nem I e II Pedro), pelos cânones dos concílios de Hipona, Cartago III e IV e
pela Reforma Protestante em que, relutante mas sem evidências o bastantes para
rejeitar as porções que considerava duvidosas do Novo Testamento, Lutero
termina por concluir sua tradução dos 27 livros do Novo Testamento para o
alemão.
Logo, o argumento
do item 10 não pode ser tomado como válido na questão tradição x sola scriptura
porque nunca houve consenso nesse ínterim e os protestantes sabem disso. Sola
Scriptura não é um princípio de validação bíblica como o quer afirmar a Igreja
Católica, mas sim um método interpretativo da Bíblia que se possua.
Só conhecemos
nossos rudimentos teológicos e o relato da história de Cristo e as profecias de
que este viria (antes de seu nascimento) graças a esses documentos históricos
que formam uma ou mais versões bíblicas e é de conhecimento popular que a
Igreja Católica ocultou a Bíblia do povo mantendo-o na ignorância do misticismo
por séculos. Se um livro não nega a divindade de Cristo nem o relato histórico
rigoroso e de primeira geração sobre Ele e nem o que Cristo ensinou então passa
pela navalha autoral de 1 João 5:1:
"Todo aquele
que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus."
Argumentos Católicos:
11. O cânon foi
definido por uma autoridade "extra-bíblica"
12. Crer que a
Bíblia é "auto-autenticável" não tem bases
Refutação: Em virtude do
grande número de argumentos referentes ao cânon já terem sido elucidados,
prefiro apresentar duas objeções teológicas aos itens 11 e 12:
Se a autoridade
bíblica foi unicamente definido por um autoridade extra-bíblica, no caso a
Igreja Romana, não sendo o texto auto-autencicável por que motivo Jesus
respondia a Satanás sempre com um "está escrito" na tentação do
deserto SEGUNDO Mateus 4 e Lucas 4? Ou ainda, se o
princípio de interpretação da Sola Scriptura é tão arbitrário, por que o
apóstolo Paulo o endossa em Atos 17:10-11.
Referências:
¹ - CURTIS, A. Kenneth; LANG, J. Stephen; PETERSEN, Randy. Os 100 Acontecimentos Mais Importantes da História do Cristianismo; tradução Emirson Justino — São Paulo: Editora Vida, 2003.
¹ - CURTIS, A. Kenneth; LANG, J. Stephen; PETERSEN, Randy. Os 100 Acontecimentos Mais Importantes da História do Cristianismo; tradução Emirson Justino — São Paulo: Editora Vida, 2003.
² - http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2non_b%C3%ADblico
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Continua na Parte 6
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