Matérias

sábado, 28 de setembro de 2013

PARADOXOS RELIGIOSOS: CATOLICISMO ROMANO (parte 5)



Argumento Católico 9: Os heresiarcas baseiam-se na interpretação sem o Magistério.

Refutação: O argumento é falacioso. Para definir por meio da "tradição" o que era ou não heresia. Os debates do Concílio de Nicéia foram feitos por meio do estudo das escrituras disponíveis até então e dos relatos históricos do Cristianismo em sua fase inicial. A autenticidade dos documentos era definida pela análise doutrinária e pela autenticidade autoral do mesmo (ou seja, questões canonicas eram resolvidas de acordo com uma abordagem historicista).

Há um lapso de contexto nesse ponto. Há uma razão para a interpretação bíblica protestante não se basear na interpretação oficial da Igreja Romana e ela remonta à Reforma Protestante e, como sendo um de seus principais nomes, eu escolho o motivo de Lutero para justificar esse ponto. E a justificativa não é complicada: Lutero se sentiu traído pela Igreja Romana ao perceber que não pregava àquilo que estava escrito mas o que lhe convinha para surfar recursos financeiros do povo em nome da fé (algo não muito diferente das acusações lançadas contra certas organizações religiosas ditas protestantes de hoje e essa conduta é excusa em qualquer fé religiosa e o próprio Jesus deixou isso muito claro com uma reação violenta no antigo Templo JUDAICO de Jerusalém, conforme se lê em Mateus 21:12-13, Marcos 11:15-18 e Lucas 19:45-46 relatando o mesmo incidente).

Como poderia um movimento religioso pregar algo contrário à suas crenças fundamentais e históricas, registradas em autos documentados?


Argumento Católico 10: O cânon da Bíblia não estava formado até o século .

Refutação: Novamente a isso se responde com a pergunta: qual cânon? Ao contrário do que diz o argumento católico esse fato não é inconveniente aos protestantes. Nós conhecemos a história dos canones. Sabemos que houve VÁRIOS e DISCORDANTES! Exemplos:

*O cânon judaico de Esdras do Antigo Testamento no retorno dos judeus para Jerusalém por volta do século IV a.C.

*O  cânon judaico do Concílio de Jâmnia sobre o Antigo Testamento no ano 100 d.C. (em que Ester, Daniel, Cântico dos Cânticos, ficaram de fora do cânon).

*O cânon alexandrino ou septuaginta (datado entre os séculos I e II d.C.), defendido por Santo Agostinho, apresentando os 46 livros do Antigo Testamento da Bíblia católica, etc.

*O chamado "canon hebraico" do século IV d.C. que uniu os 39 livros do Antigo Testamento presentes hoje na Bíblia protestante.


Tudo isso ANTES da Reforma Protestante.

Quem se deparou com os 21 argumentos sabe que a Igreja Católica usa repetidamente argumentos quanto a sua infalibilidade na interpretação bíblica. Ora, infalibilidade éretenção demais até para um cientista que pode demonstrar o que diz, diga lá para um sistema religioso. Como a Igreja Católica acusa o Protestantismo de herege ao questionar (racionalmente) o cânon no advento da Reforma se impondo como "infalível" na interpretação das escrituras se sua infalibilidade (pasmem) foi estabelecida por um decreto papal auto-promulgado em 1870 pelo Papa Pio IX?¹

E isso só pra falar de Antigo Testamento, já que o novo testamento nas Bíblias católicas e protestantes é igual. Mas saibam vocês também que Martinho Lutero não considerava canônicos livros do Novo Testamento como Novo Testamento como a carta de Tiago - II Pedro - II João - III João - Judas - Apocalipse de João, negando inclusive seu caráter eclesiástico.

A confusão sobre o cânon é tão grande que Igreja Ortodoxa Russa resolve deixar como facultativa a aceitação ou não do Cânon Alexandrino (o cânon católico atual).²

Sobre o próprio Novo Testamento, antes de chegar ao formato atual teve antes que passar pelos canones de Muratori (que não contava com as epístolas aos Hebreus, de Tiago e nem I e II Pedro), pelos cânones dos concílios de Hipona, Cartago III e IV e pela Reforma Protestante em que, relutante mas sem evidências o bastantes para rejeitar as porções que considerava duvidosas do Novo Testamento, Lutero termina por concluir sua tradução dos 27 livros do Novo Testamento para o alemão.

Logo, o argumento do item 10 não pode ser tomado como válido na questão tradição x sola scriptura porque nunca houve consenso nesse ínterim e os protestantes sabem disso. Sola Scriptura não é um princípio de validação bíblica como o quer afirmar a Igreja Católica, mas sim um método interpretativo da Bíblia que se possua.

Só conhecemos nossos rudimentos teológicos e o relato da história de Cristo e as profecias de que este viria (antes de seu nascimento) graças a esses documentos históricos que formam uma ou mais versões bíblicas e é de conhecimento popular que a Igreja Católica ocultou a Bíblia do povo mantendo-o na ignorância do misticismo por séculos. Se um livro não nega a divindade de Cristo nem o relato histórico rigoroso e de primeira geração sobre Ele e nem o que Cristo ensinou então passa pela navalha autoral de 1 João 5:1:

"Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus."

Argumentos Católicos:
11. O cânon foi definido por uma autoridade "extra-bíblica"
12. Crer que a Bíblia é "auto-autenticável" não tem bases

Refutação: Em virtude do grande número de argumentos referentes ao cânon já terem sido elucidados, prefiro apresentar duas objeções teológicas aos itens 11 e 12:

Se a autoridade bíblica foi unicamente definido por um autoridade extra-bíblica, no caso a Igreja Romana, não sendo o texto auto-autencicável por que motivo Jesus respondia a Satanás sempre com um "está escrito" na tentação do deserto SEGUNDO Mateus 4 e Lucas 4? Ou ainda, se o princípio de interpretação da Sola Scriptura é tão arbitrário, por que o apóstolo Paulo o endossa em Atos 17:10-11.


Referências:
¹ - CURTIS, A. Kenneth; LANG, J. Stephen; PETERSEN, Randy. Os 100 Acontecimentos Mais Importantes da História do Cristianismo; tradução Emirson Justino — São Paulo: Editora Vida, 2003.
² - http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2non_b%C3%ADblico


Leia a postagem anterior em Parte 4
Continua na Parte 6

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente, discorde, sugira e pergunte... mas com respeito.