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sábado, 17 de agosto de 2013

PARADOXO DO ARREBATAMENTO EM VIDA: ELIAS E ENOQUE ☑


Salve pessoal!

Em sequência à série PARADOXOS BÍBLICOS vamos abordar hoje o arrebatamento em vida de Elias e Enoque como outro paradoxo nas  sagradas escrituras.


É interessante observarmos que tanto Antigo como Novo Testamento são permeados pela noção de que "A alma que pecar, essa morrerá" (compare Ezequiel 18:4 com Romanos 6:23 e 1 Coríntios 15:56). Todavia, a Bíblia relata o caso de dois homens "comuns" que não morreram: Enoque e Elias. Como assim?

Pois bem, a história de Enoque está no livro de Gênesis, sendo ele o pai de Matusalém (o homem que teve a vida mais longa, conforme o relato bíblico, com 969 anos). Veja o que esse versículo emblemático nos diz:

"Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou."
Gênesis 5:24

Essa passagem não garante, mas SUGERE que Enoque foi levado por Deus para algum lugar em VIDA e não sabemos o que aconteceu com ele por lá nem se veio a falecer em algum momento. Em Hebreus 11:5 atesta-se a crença de que Enoque foi arrebatado para a presença de Deus onde estaria vivo até hoje.

Já a história de Elias está em 2 Reis 2:9-14 e consta como um arrebatamento testemunhado por Eliseu, discípulo de Elias que se tornaria também seu sucessor:

"E, indo eles caminhando e conversando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho."
2 Reis 2:11

Onde entra a dificuldade teológica? Bem, se Enoque e Elias não morreram isso quer dizer, pela lógica da Bíblia, que NÃO PECARAM, já que a Bíblia diz que a morte é conseqüência direta do pecado. Sendo assim, haveria possibilidade real de o homem não pecar em vida, o que tornaria desnecessária a morte de Cristo na cruz, e isso é um paradoxo porque Jesus, sendo Deus, TEVE DE MORRER!

Esse é o ponto de dificuldade. Que respostas possíveis teríamos nesse caso? Há algumas que vou tentar elencar das mais aceitáveis para as menos prováveis:

a) A morte de Cristo também teria efeito retroativo, dando direto a alguns (entre os quais Enoque e Elias) de salvação antes da Cruz como um tipo de "amostra grátis" da salvação que estaria futuramente disponível a todos pela morte de Cristo numa ilustração da promessa de sermos levados a estar com Deus na segunda vinda de Cristo.

b) Enoque e Elias estariam em outros mundos e voltariam à Terra porque ainda vão morrer: alguns identificam Enoque e Elias como as duas testemunhas de Apocalipse 11:3-12, muito embora seja mais provável que as duas testemunhas sejam linguagem figurada representando o Antigo e o Novo Testamento.

c) Enoque e Elias já morreram: hipótese mais fraca por falha teológica, já que na transfiguração de Cristo (Mateus 17:1-9) implicaria numa sessão espírita em que Elias teria aparecido como morto desencarnado. Há ainda uma dificuldade extra com relação a Moisés ter aparecido também nesse momento sendo que o relato bíblico afirma que Moisés morreu, isso está em Deuteronômio 34:5-6 e Josué 1:1-2.

Obs.1: Com relação à morte de Moisés há uma crença racionalizante entre alguns de que, depois de algum tempo, Moisés teria sido ressuscitado por Deus como interpretação alternativa de Judas 1:9, embora o contexto não dê a entender isso diretamente.

d) "Toda regra tem exceção": com todo respeito à coerência do adágio popular, se é regra como pode ter exceção? A exceção se dá dentro do sistema fechado, num sistema aberto ou fora do sistema? O adágio em si pode ser considerado um paradoxo, a menos que a "regra" em si seja não uma prescrição e sim uma descrição. Então teríamos casos excepcionais em que Deus não seguiria suas próprias regras.

e) Deus faz o que lhe der na telha: Ora, se Deus transgredir sua própria lei sem usar de paradoxo (pois o paradoxo seria aceitável pela lógica para lidar com dilemas difíceis*) então não haveria necessidade de lei, consequências do pecado ou sacrifícios necessários! Por conseguinte, isso indicaria que Deus muda, quando a Bíblia afirma que Deus não muda (Malaquias 3:6 e Tiago 1:17).

Obs.2: Aliás, o que Deus quis dizer com "eu não mudo" se há passagens que mostram mudança de atitude por parte de Deus como no livro de Jonas quando Deus decide não destruir Nínive ou mesmo ao conceder mais 15 anos a Ezequias em Isaías 38:5? A isso se responde com um "Deus não muda sua natureza, embora possa postergar seu juízo". É uma boa resposta por ocasião do juízo, mas em que isso é diferente de eu dizer "eu, fulano de tal não mudo", afinal eu sou eu e não posso existir sendo outra pessoa. Ou Deus, na verdade, estaria dizendo que não muda de caráter (embora mude de opinião e eventualmente postergue planos)?

Como harmonizar as histórias de Enoque, Elias e a aparição ainda de Moisés na transfiguração? Acredito ser sincero reconhecer que apenas no texto bíblico, sem interpretações, tradições, conjecturas ou informações de fora da Bíblia isso não nos é possível! Todas as informações que temos a respeito são hipóteses. Beco sem saída queridos... ou melhor dizendo: Paradoxo.

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