Matérias

sábado, 1 de setembro de 2012

Refutações à Existência de Deus o Caramba! – Parte VI

ARGUMENTO ONTOLÓGICO


Argumento Teísta: "Deus é um ser tal que nenhum ser maior pode ser concebido. Se Deus na realidade não existe, então é possível concebê-lo como maior do que é. Portanto, Deus existe."

O que o ateu diz: Há dezenas de variantes do argumento ontológico, mas São Anselmo foi o primeiro a articulá-lo deste modo. A falha neste raciocínio é tratar a existência como um atributo. A existência é um dado adquirido. Nada pode ser grande ou perfeito a menos que exista primeiro, portanto o argumento está invertido.
Uma boa maneira de refutar este raciocínio é substituir "ser" e "Deus" com outras palavras. ("A Ilha do Paraíso é uma ilha…") Dessa forma poderíamos provar a existência de um "vácuo" perfeito, o que significaria que nada existe!
O argumento esmaga-se a si próprio, porque pode conceber-se deus como tendo massa infinita, o que é refutado empiricamente. E está-se a comparar maçãs com laranjas ao se supor que a existência na concepção pode de alguma forma estar relacionada com a existência na realidade.
Mesmo que a comparação fosse válida, por que é a existência na realidade "maior" (seja lá o que isso signifique) do que a existência na concepção? Talvez seja ao contrário.
Não admira que Bertrand Russell tenha dito que todos os argumentos ontológicos são um caso de má gramática!

Proibido Pensar: Essa forma de apresentação do argumento ontológico buscava explicar Deus como um ser tangível e tão grande que não o perceberíamos, da mesma forma que uma formiga em cima de uma bola de pilates não perceberia a circunferência. Não é um bom argumento por supor uma existência corpórea a Deus dando-lhe extensão, isso é não compreender Deus enquanto ser espiritual (energia não precisa ter massa).
Se existem dezenas de formas do argumento ontológico, me admira que Dan Barker não tenha apresentado essa:

1-É possível que um ser seja perfeito já que a perfeição é um conceito logicamente concebível, portanto, é uma crença natural.
2-É possível que um ser perfeito seja projetista das perfeições particulares presentes na natureza enquanto projetista (assim como é aceitável que um homem que domine as operações matemáticas possa desenvolver métodos de cálculo como um ábaco, uma tabuada e os use em trabalhos de arte como figuras simétricas).
3-Se algo é possível de existir e existem evidências que apontam para a sua existência, então deve existir necessariamente.
4-Existem evidências de que uma inteligência arquitetou o universo e que o universo teve um princípio causado e foi, a partir daí "programado", organizado.
5-O conceito de Deus engloba todas as características descritas acima.
6-Portanto, Deus existe.

***

REVELAÇÃO


Argumento Teísta: "A Bíblia é historicamente confiável. Não há razão para duvidar dos testemunhos dignos de confiança que resistiriam em tribunal. Deus existe porque Ele se revelou através da Bíblia."

O que o ateu diz: A Bíblia reflete a cultura do seu tempo. Embora boa parte do seu enredo seja histórico, também há uma boa parte que não é. Por exemplo, não há apoio contemporâneo para a história de Jesus fora dos evangelhos, que foram escritos por desconhecidos entre 30 a 80 anos depois da alegada crucificação (dependendo do perito que consultarmos).

Proibido Pensar: Errado novamente. Há DEZENAS de fontes extra-bíblicas não apenas para o Jesus histórico como para outros personagens da narrativa bíblica como Pôncio Pilatos, Herodes Antipas, César entre outros. A citar algumas das fontes extra-bíblicas temos:

*Julio Africano cita o historiador Talo em uma discussão sobre as trevas que sucederam a crucificação de Cristo (Escritos Existentes, 18).

*Tácito, romano do primeiro século, que é considerado um dos mais precisos historiadores do mundo antigo, mencionou "cristãos" supersticiosos ("nomeados a partir de Christus", palavra latina para Cristo), que sofreram nas mãos de Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério.

*Seutônio, secretário chefe do Imperador Adriano, escreveu que houve um homem chamado Chrestus (ou Cristo) que viveu durante o primeiro século ("Anais" XV,44).

*O Talmude da Babilônia (Sanhedrin 43 a) confirma a crucificação de Jesus na véspera da Páscoa, e as acusações contra Cristo de usar magia e encorajar a apostasia dos judeus.

*Luciano de Samosata foi um escritor grego do segundo século que admite que Jesus foi adorado pelos cristãos, introduziu novos ensinamentos e foi por eles crucificado. Ele disse que os ensinamentos de Jesus incluíam a fraternidade entre os crentes, a importância da conversão e de negar outros deuses. Os Cristãos viviam de acordo com as leis de Jesus e se caracterizavam por devoção voluntária e renúncia a bens materiais.

A vasta maioria de estudiosos (cristãos ou não-cristãos) apóiam que as Epístolas de Paulo (pelo menos algumas delas) foram de fato escritas por Paulo no meio do primeiro século d.C., menos de 40 anos após a morte de Jesus. Em termos de manuscritos antigos que sirvam como provas, esta forte é extraordinária prova da existência de um homem chamado Jesus em Israel no começo do primeiro século d.C. Também é importante reconhecer que no ano 70 d.C. os Romanos invadiram e destruíram Jerusalém e a maior parte de Israel, chacinando seus habitantes. Cidades inteiras foram literalmente incendiadas e desapareceram! Não deveríamos nos surpreender, então, que muitas das provas da existência de Jesus tenham sido destruídas. Muitas das testemunhas oculares de Jesus teriam sido mortas. Estes fatos provavelmente limitaram a quantidade de relatos vindos de testemunhas oculares de Jesus.

É importante lembrar que os documentos históricos que dispomos em História Forense não são qualitativamente melhores que a Bíblia em condições de escrita e datação. Se duvidarmos da historicidade bíblica, por exemplo, de Jesus, que razões teríamos para crer na historicidade de Sócrates, Alexandre "o Grande", César, dentre outros?

Réplica do ateu: Muitos relatos, como as histórias da criação, entram em conflito com a ciência. As histórias da Bíblia são apenas isto: histórias.






O que o ateu rebate: A Bíblia é contraditória. Um bom exemplo é a discrepância entre as genealogias de Jesus dadas por Mateus e Lucas. A história da ressurreição de Jesus, contada por pelo menos 5 escritores diferentes, é irremediavelmente irreconciliável. Peritos descobriram centenas de erros bíblicos que não têm sido satisfatoriamente explicados por apologistas.

A Bíblia, tal como outros escritos religiosos, pode ser explicada em termos puramente naturais. Não há razão para exigir que seja ou completamente verdadeira ou completamente falsa. O cristianismo está repleto de paralelos de mitos pagãos, e a sua emergência como seita messiânica do século II resulta das suas origens sectárias judaicas.
Os autores dos evangelhos admitem que estão a escrever propaganda religiosa (João 20:31), o que é uma pista de que devem ser tomados com algumas reservas.
Thomas Paine, em The Age of Reason (A Idade da Razão), indicou que a Bíblia não pode ser revelação. Revelação (se existe) é uma mensagem divina comunicada diretamente a alguma pessoa. Assim que essa pessoa o relata, isso se torna um rumor em segunda mão. Ninguém está obrigado a acreditar nisso, especialmente se for fantástico. É muito mais provável que relatos sobre o miraculoso sejam devidos a erro honesto, engano deliberado ou interpretação teológica meticulosa de eventos perfeitamente naturais.
Alegações extraordinárias requerem provas extraordinárias. Um critério da história crítica é a suposição de regularidade natural ao longo do tempo. Isso exclui milagres, que por definição "passam por cima" das leis naturais. Se admitirmos a existência de milagres, então todos os documentos, incluindo a Bíblia, tornam-se inúteis enquanto história.

Proibido Pensar: Sobre os fenômenos bíblicos poderem ser explicados em termos científicos, não me oponho à idéia, mas Dan Barker é contraditório ao afirmar em seguida que milagres "passam por cima das leis naturais", o que por si só já caracteriza a incoerência de sua argumentação tendenciosa e anti-teísta, uma vez que o milagre de ontem pode ser a descoberta de amanhã, mas isso não invalidaria a fonte ou origem do fato ocorrido, a saber, Deus enquanto ser que provocou os eventos milagrosos. É preciso entender Deus como o programador e inventor do universo usando e programando a máquina do universo dentro das regras que ele próprio fez e que não nos são conhecidas em sua totalidade. O milagre não é milagre por ser ilógico, mas inexplicável no momento em que acontece, e é isso que um cristão legítimo chama de sobrenatural.
É importante ainda ressaltar que nenhuma das supostas contradições da bíblia encontradas por supostos especialistas é apresentada, exceto as genealogias dos evangelhos e temos uma explicação satisfatória para tal: ninguém nunca teria considerado que uma seria a linhagem legal de Jesus enquanto filho criado por José e a outra seria a linhagem sanguínea de Jesus por parte de Maria? Lembramos que, seguindo o método científico, devemos analisar todas as possibilidades lógicas de solução de um problema antes de dar um veredito e esta é uma solução simples para o problema, assim sendo, tem alta probabilidade de ser verdade.
Outro atestado de ignorância bíblica apontado aqui é atribuir a genealogia a 5 autores, haja visto que ela só é citada por 2 dos 4 evangelhos, a saber, Mateus, no capítulo 1; e Lucas, no capítulo 3.
Assim sendo, Dan Barker não é confiável em sua análise bíblica, muito menos as fontes que o levaram a tais alegações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente, discorde, sugira e pergunte... mas com respeito.