EXISTÊNCIA DE UM DEUS JUIZ
Argumento Teísta: “Não se pode provar que
Deus existe. Mas se Deus existe, o crente ganha tudo (céu) e o descrente perde
tudo (inferno). Se Deus não existe, o crente nada perde e o descrente nada
ganha. Portanto, há tudo a ganhar e nada a perder ao acreditar em Deus.”
Aposta de Pascal
O que o
ateu diz:
O argumento, formulado originalmente pelo filósofo francês Blaise Pascal, é
pura intimidação. Não é um argumento a favor da existência de um deus: é um
argumento a favor da crença, baseado em medo irracional. Com este tipo de
raciocínio, deveríamos simplesmente escolher a religião que tivesse o pior
inferno.
Não é verdade que o crente nada perde.
Diminuímos esta vida ao preferir o mito de uma vida após a morte, e
sacrificamos a honestidade à perpetuação de uma mentira. A religião exige
tempo, energia e dinheiro, desviando recursos humanos valiosos do melhoramento
deste mundo. O conformismo religioso, um instrumento de tiranos, é uma ameaça à
liberdade.
Também não é verdade que o descrente nada
ganha. Rejeitar a religião pode ser uma experiência libertadora positiva, ganhando
perspectiva e liberdade para questionar. Os livres-pensadores sempre estiveram
na linha da frente do progresso social e moral.
Que tipo de pessoa torturaria eternamente
alguém que duvida honestamente? Se o seu deus é tão injusto, então os teístas correm
tanto perigo como os ateus. Talvez deus tenha um gozo perverso em mudar de
ideias e condenar toda a gente, crentes e descrentes por igual. Ou, invertendo
a aposta, talvez deus só salve aqueles que têm coragem suficiente para não
crer!
Pascal era um católico e supôs que a
existência de deus significava o Deus cristão. No entanto, o Alá islâmico
poderia ser o verdadeiro deus, o que torna a aposta de Pascal uma aposta mais
arriscada do que se pretendia.
De qualquer modo, crer numa divindade com
base no medo não produz admiração. Não se segue daí que tal ser mereça ser
adorado.
(Veja o Capítulo 12: “What If You’re Wrong?”
em Losing Faith In Faith: From Preacher To Atheist para uma resposta
mais completa à aposta de Pascal.)
Proibido
Pensar:
Wroooooong again! A crença não precisa se basear no medo, pois existem
argumentos lógicos para justificar a crença na existência de Deus, ou nas
evidências de design. No caso do cristão ainda há o reforço das evidências
históricas em favor da veracidade da Bíblia.
Mas no caso da aposta de Pascal há um certo
frisson de "plano de previdência privado". A fé para algumas pessoas,
que não tenham um certo gabarito intelectual, é, realmente, "um salto no escuro", conforme afirmava o
filósofo dinamarquês Kierkegaard - afinal, um Deus justo não poderia querer que
um deficiente mental cresse nele baseado no argumento Kalam, por exemplo, haja
visto que não lhe seria compreensível. A aposta da Pascal é um apelo à razão do
mais simples e um trocadilho com quem rejeita uma fé pelo grau de perigo
oferecido (afinal, o inferno descrito no Cristianismo é realmente pior que o
castigo dos maus em outras crenças religiosas). O ateu que realmente prezasse o
ceticismo teria q admitir a possibilidade de estar errado, e a aposta de Pascal
faz todo o sentido nessa acepção. Todavia é mais um alerta que um argumento
teísta baseado na crença cristã de um Julgamento Final no qual Deus retribui às
pessoas conforme suas ações em vida.
Agora, culpar Deus pelo inferno constitui-se
num equívoco teológico... O livre-arbítrio oferece ao homem 2 opções, estar com
Deus ou estar sem. O problema lógico disso é que o Cristianismo vê a Deus como
a fonte de todo bem - quem quer que se desligue de "todo o bem" só
pode esperar a ausência do mesmo, que é o sofrimento sem fim ou aniquilação. A
bíblia fala pouco do inferno e mesmo entre cristãos sinceros não há consenso se
o inferno consiste em tortura eterna ou aniquilação final. De qualquer modo, o
inferno, seja como ou o quê for, é mais que um castigo de Deus em sentido
pleno, é o resultado de uma escolha muuuuuuuito mal feita por parte das
pessoas, pois Deus foi altruísta o suficiente pra nos alertar que essa condição
existe e que pode ser evitada! Rejeitar o mapa que Deus oferece pra fugir de
uma condição tão terrível quanto o inferno é insano! Aqui, o que está em jogo é
a credibilidade de Deus, não sua justiça - o inferno não é injusto, no
Cristianismo, pelo contrário, é a única possibilidade plena de se afastar de um
Deus a quem não se deseja, se é isso que você tenta fazer durante a vida (se
afastar de Deus) é isso que Ele vai permitir que ocorra após sua morte por
respeitar a vontade humana, mesmo que isso não o agrade... Nessa acepção, Deus
é o mais ilustre caso de tolerância de todos! O problema aqui é que há quem chame
Deus de mentiroso, mas pra se refutar uma ideia que não falha enquanto sistema
lógico, seria necessário PROVAR a inexistência de Deus - todavia há uma gama de
evidências que condiz com a alegação de que o Deus cristão é real - o que se
constitui num problema ao tentar negar o inferno porque se há evidência
condizente com as afirmações do Cristianismo e o inferno é uma das afirmaçóes
do Cristianismo, se um é fortemente passível de ser verdade, o outro, que é
consequência do primeiro, também é!
Sobre os
dizeres acusando a religião de maligna, bastaria listar o número de entidades
filantrópicas religiosas presentes no mundo. Como há mais religiosos que ateus
no mundo é óbvio que a maioria dessas instituições sócio-assistenciais tem
vínculo com ideais religiosos em missão ou visão institucional, logo, para
demonstrar que a religião é algo maligno o ateu teria que PROVAR com evidências
estatísticas que entidades filantrópicas atéias e sociedades ateístas (a
exemplo da extinta União Soviética) promoveram um número maior de obras sociais
que entidades religiosas. Só porque algumas pessoas formadas não sabem fazer
contas direito não quer dizer que a Matemática seja má ou inútil - pelo
contrário, a falha está na pessoa que não se engajou em aprender ou, em alguns
casos, de maus mestres que não ensinaram como deviam. Da mesma forma a crença
religiosas em si não é algo ruim ou indesejável, o que é indesejável é que maus
mestres dirijam entidades religiosas que não ensinam a vivenciar uma fé
verdadeira ou ainda que algumas pessoas sejam apenas fiéis nominais mas não
vivam de acordo com os princípios de fé que dizem professar. Alguns aspectos
tratados no livro "E Se Jesus Não Tivesse Nascido" de James Kennedy
são especialmente intrigantes para o cristão. O livro relata uma série de
contribuições sociais e culturais que nunca teriam acontecido ou teriam
demorado muito a ocorrer sem a existência da fé cristã. Pra quem se interessou,
há uma ótima resenha do livro no neoprotestante.blogspot.com/2011/10/e-se-jesus-nao-tivesse-nascido.html. Acessem!
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