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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Refutações à Existência de Deus o Caramba! – Parte V

EXISTÊNCIA DE UM DEUS JUIZ



Argumento Teísta: “Não se pode provar que Deus existe. Mas se Deus existe, o crente ganha tudo (céu) e o descrente perde tudo (inferno). Se Deus não existe, o crente nada perde e o descrente nada ganha. Portanto, há tudo a ganhar e nada a perder ao acreditar em Deus.”
Aposta de Pascal

O que o ateu diz: O argumento, formulado originalmente pelo filósofo francês Blaise Pascal, é pura intimidação. Não é um argumento a favor da existência de um deus: é um argumento a favor da crença, baseado em medo irracional. Com este tipo de raciocínio, deveríamos simplesmente escolher a religião que tivesse o pior inferno.
Não é verdade que o crente nada perde. Diminuímos esta vida ao preferir o mito de uma vida após a morte, e sacrificamos a honestidade à perpetuação de uma mentira. A religião exige tempo, energia e dinheiro, desviando recursos humanos valiosos do melhoramento deste mundo. O conformismo religioso, um instrumento de tiranos, é uma ameaça à liberdade.
Também não é verdade que o descrente nada ganha. Rejeitar a religião pode ser uma experiência libertadora positiva, ganhando perspectiva e liberdade para questionar. Os livres-pensadores sempre estiveram na linha da frente do progresso social e moral.
Que tipo de pessoa torturaria eternamente alguém que duvida honestamente? Se o seu deus é tão injusto, então os teístas correm tanto perigo como os ateus. Talvez deus tenha um gozo perverso em mudar de ideias e condenar toda a gente, crentes e descrentes por igual. Ou, invertendo a aposta, talvez deus só salve aqueles que têm coragem suficiente para não crer!
Pascal era um católico e supôs que a existência de deus significava o Deus cristão. No entanto, o Alá islâmico poderia ser o verdadeiro deus, o que torna a aposta de Pascal uma aposta mais arriscada do que se pretendia.
De qualquer modo, crer numa divindade com base no medo não produz admiração. Não se segue daí que tal ser mereça ser adorado.
(Veja o Capítulo 12: “What If You’re Wrong?” em Losing Faith In Faith: From Preacher To Atheist para uma resposta mais completa à aposta de Pascal.)

Proibido Pensar: Wroooooong again! A crença não precisa se basear no medo, pois existem argumentos lógicos para justificar a crença na existência de Deus, ou nas evidências de design. No caso do cristão ainda há o reforço das evidências históricas em favor da veracidade da Bíblia.
Mas no caso da aposta de Pascal há um certo frisson de "plano de previdência privado". A fé para algumas pessoas, que não tenham um certo gabarito intelectual, é, realmente, "um  salto no escuro", conforme afirmava o filósofo dinamarquês Kierkegaard - afinal, um Deus justo não poderia querer que um deficiente mental cresse nele baseado no argumento Kalam, por exemplo, haja visto que não lhe seria compreensível. A aposta da Pascal é um apelo à razão do mais simples e um trocadilho com quem rejeita uma fé pelo grau de perigo oferecido (afinal, o inferno descrito no Cristianismo é realmente pior que o castigo dos maus em outras crenças religiosas). O ateu que realmente prezasse o ceticismo teria q admitir a possibilidade de estar errado, e a aposta de Pascal faz todo o sentido nessa acepção. Todavia é mais um alerta que um argumento teísta baseado na crença cristã de um Julgamento Final no qual Deus retribui às pessoas conforme suas ações em vida.

Agora, culpar Deus pelo inferno constitui-se num equívoco teológico... O livre-arbítrio oferece ao homem 2 opções, estar com Deus ou estar sem. O problema lógico disso é que o Cristianismo vê a Deus como a fonte de todo bem - quem quer que se desligue de "todo o bem" só pode esperar a ausência do mesmo, que é o sofrimento sem fim ou aniquilação. A bíblia fala pouco do inferno e mesmo entre cristãos sinceros não há consenso se o inferno consiste em tortura eterna ou aniquilação final. De qualquer modo, o inferno, seja como ou o quê for, é mais que um castigo de Deus em sentido pleno, é o resultado de uma escolha muuuuuuuito mal feita por parte das pessoas, pois Deus foi altruísta o suficiente pra nos alertar que essa condição existe e que pode ser evitada! Rejeitar o mapa que Deus oferece pra fugir de uma condição tão terrível quanto o inferno é insano! Aqui, o que está em jogo é a credibilidade de Deus, não sua justiça - o inferno não é injusto, no Cristianismo, pelo contrário, é a única possibilidade plena de se afastar de um Deus a quem não se deseja, se é isso que você tenta fazer durante a vida (se afastar de Deus) é isso que Ele vai permitir que ocorra após sua morte por respeitar a vontade humana, mesmo que isso não o agrade... Nessa acepção, Deus é o mais ilustre caso de tolerância de todos! O problema aqui é que há quem chame Deus de mentiroso, mas pra se refutar uma ideia que não falha enquanto sistema lógico, seria necessário PROVAR a inexistência de Deus - todavia há uma gama de evidências que condiz com a alegação de que o Deus cristão é real - o que se constitui num problema ao tentar negar o inferno porque se há evidência condizente com as afirmações do Cristianismo e o inferno é uma das afirmaçóes do Cristianismo, se um é fortemente passível de ser verdade, o outro, que é consequência do primeiro, também é!
Sobre os dizeres acusando a religião de maligna, bastaria listar o número de entidades filantrópicas religiosas presentes no mundo. Como há mais religiosos que ateus no mundo é óbvio que a maioria dessas instituições sócio-assistenciais tem vínculo com ideais religiosos em missão ou visão institucional, logo, para demonstrar que a religião é algo maligno o ateu teria que PROVAR com evidências estatísticas que entidades filantrópicas atéias e sociedades ateístas (a exemplo da extinta União Soviética) promoveram um número maior de obras sociais que entidades religiosas. Só porque algumas pessoas formadas não sabem fazer contas direito não quer dizer que a Matemática seja má ou inútil - pelo contrário, a falha está na pessoa que não se engajou em aprender ou, em alguns casos, de maus mestres que não ensinaram como deviam. Da mesma forma a crença religiosas em si não é algo ruim ou indesejável, o que é indesejável é que maus mestres dirijam entidades religiosas que não ensinam a vivenciar uma fé verdadeira ou ainda que algumas pessoas sejam apenas fiéis nominais mas não vivam de acordo com os princípios de fé que dizem professar. Alguns aspectos tratados no livro "E Se Jesus Não Tivesse Nascido" de James Kennedy são especialmente intrigantes para o cristão. O livro relata uma série de contribuições sociais e culturais que nunca teriam acontecido ou teriam demorado muito a ocorrer sem a existência da fé cristã. Pra quem se interessou, há uma ótima resenha do livro no neoprotestante.blogspot.com/2011/10/e-se-jesus-nao-tivesse-nascido.html. Acessem!

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