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domingo, 12 de agosto de 2012

Refutações à Existência de Deus o Caramba! – Parte III

MORALIDADE


1 - Argumento Teísta: "Todos nós temos um sentido do certo e do errado, uma consciência que nos coloca sob uma lei superior. Este apelo moral universal aponta para fora da Humanidade. É consistente que Deus, um ser não-físico, se relacionasse conosco através de tal meio sublime."

O que o ateu diz: (...) Os sistemas éticos baseiam-se no valor que os humanos atribuíram à vida: "bem" é aquilo que melhora a vida, e "mal" é aquilo que a ameaça. Não precisamos de uma divindade para nos dizer que é errado matar, mentir ou roubar. Os humanos sempre tiveram o potencial para usar as suas mentes para determinar o que é bondoso e razoável.
Não existe um "apelo moral universal" e nem todos os sistemas éticos concordam entre si. Poligamia, sacrifícios humanos, canibalismo (eucaristia), espancamento da esposa, automutilação, guerra, circuncisão, castração e incesto são ações perfeitamente "morais" em algumas culturas. Será que deus está confuso?

Proibido Pensar: Na afirmação do ateu temos uma contradição severa quando corretamente analisada, a saber, quando o ateu diz: "Não precisamos de uma divindade para nos dizer que é errado matar, mentir ou roubar. Os humanos sempre tiveram o potencial para usar as suas mentes para determinar o que é bondoso e razoável.", mas, logo em seguida afirma: "Não existe um "apelo moral universal" e "Nem todos os sistemas éticos concordam entre si. Poligamia, sacrifícios humanos, canibalismo (eucaristia), espancamento da esposa, automutilação, guerra, circuncisão, castração e incesto são ações perfeitamente 'morais' em algumas culturas." Logo, a conclusão que se segue, na realidade, é que os humanos NEM SEMPRE são capazes de determinar o que é bondoso e razoável - e aqui faço uma interpretação caridosa, porque poderia muito bem dizer que os humanos NÃO SÃO capazes de determinar o que é bondoso e razoável. Por conta dessa contradição, a primeira premissa nega o que a segunda afirma, invalidando a conclusão. Pela lógica, o argumento do ateu se mostra um sofisma. Logo, sendo o argumento usado claramente falso, sobra-nos a necessidade de uma moral universal.
Detalhe: em termos lógicos essa moral poderia, inclusive, ser desconhecida pelos seres humanos e ainda assim existir. O que o ateu argumenta é a inexistência de uma moral universal, o que pela lógica não se sustenta ou não haveria a idéia de certo e errado impressas em todas as culturas (como reflexo de nosso funcionamento mental) - independentes das divergências culturais SEMPRE HÁ UM REFERENCIAL DE CERTO E ERRADO, QUAISQUER QUE SEJA! Deus não está confuso, as pessoas estão! Além do mais, existem algumas idéias morais tidas como universais até mesmo por ateus, como Freud, que alegava que o incesto entre mãe e filho e o parricídio seriam tabus em quaisquer sociedades dado o funcionamento da psique humana (Vide complexo de Édipo). Um estudo social sério aponta alguns tabus, na pior das hipóteses, semi-universais. Eu aconselharia o sr. Dan Barker a estudar Sociologia e Psicologia com mais afinco.

2 - Argumento Teísta: "Se não existe um padrão moral absoluto, então não existe certo e errado absolutos. Sem Deus, não há base ética e a ordem social desintegrar-se-ia. As nossas leis baseiam-se na Bíblia."

O que o ateu diz: Este é um argumento a favor da crença num deus, não é um argumento a favor da existência de um deus. A exigência de uma moralidade "absoluta" só vem de religiosos inseguros. (Voltaire ironizou: "Se deus não existisse, seria preciso inventá-lo".). Pessoas maduras sentem-se confortáveis com o caráter relativo do humanismo, visto que este fornece um quadro de referência consistente, racional e flexível para o comportamento humano ético — sem uma divindade.
As leis americanas baseiam-se numa constituição secular, não se baseiam na Bíblia. Quaisquer textos bíblicos que apóiem uma boa lei só fazem isso porque passaram no teste dos valores humanos, que são muito anteriores aos ineficazes Dez Mandamentos.

Proibido Pensar: Caro Dan Barker, eu NÃO SOU NORTE-AMERICANO e sei que o primeiro código legal SECULAR historicamente conhecido foi o de Hamurabi. Antes dele não haviam códigos de conduta? E quanto às regras de conduta das sociedades aborígenes e indígenas ou as orientais, que estavam distantes da cultura helênica e não sofreram contaminação dos valores iluministas? Os códigos de conduta partem da religião em sociedades tribais primitivas e não temos motivos pra pensar que não começaram com a religião (mesmo que não se admita necessariamente que seja a cristã). Reconheço que esse é outro argumento teísta fraco na forma em que está escrito. Agora, chamar os 10 mandamentos de ineficazes e ao mesmo tempo dizer que textos bíblicos morais (como os 10 mandamentos) são bons porque passaram no teste dos valores humanos não só é contraditório como ofensivo, já que os preceitos de Hamurabi eram muito similares aos 10 mandamentos e qualquer sociedade civilizada tem punições similares para os mesmos crimes desde a antiga Babilônia - tratam-se de 2 sociedades que só teriam contato séculos depois, o que invalida a hipótese de plágio. Se não há uma moral universal, por que tantos sistemas legais chegam sempre a preceitos tão similares de punição em sociedades organizadas? Isso é mais evidência de uma moral universal, esquematizada e organizada, mas ainda assim, universal, assim como a óptica é na Física e não depende de nossos olhos pra existir, embora nosso corpo seja feito de modo a percebê-la. De fato, um ponto para os teístas é que os mandamentos bíblicos da Torah (que não eram só 10, embora os famosos 10 mandamentos tivessem primazia por embasar os demais mandamentos cerimoniais) são, de fato, MAIS MORAIS que o secular código de Hamurabi (vide: pt.m.wikipedia.org/wiki/Código_de_Hamurabi).

O que o ateu responde: (...) Cristãos devotos e crentes na Bíblia não conseguem concordar entre si quanto ao que a Bíblia diz sobre muitas questões morais cruciais. Crentes comumente adotam posições opostas em assuntos tais como pena de morte, aborto, pacifismo, controle de natalidade, suicídio medicalmente assistido, direitos dos animais, ambiente, separação entre igreja e estado, direitos dos homossexuais e direitos das mulheres. Disso pode concluir-se que ou há uma multiplicidade de deuses distribuindo conselhos morais contraditórios, ou um único deus que está irremediavelmente confuso.

Proibido Pensar: Se há facções cristãs com opiniões diferentes a respeito desses temas é porque algumas pessoas não entendem a bíblia ou não a seguem como regra de fé e prática. Pra qualquer um que se dê ao trabalho de ler a bíblia ela se mostra categórica sobre esses temas. Por exemplo:

  • Pena de morte: A bíblia é à favor, conforme Gn.9: 5,6 e Lv.24:17. Mas há outras referências. Há um estudo interessante a respeito em solascriptura-tt.org/VidaDosCrentes/Cinzentas/PenaMorte-Ferraz.htm.
  • Aborto: A bíblia é contra, a exemplo de Êxodo 21:22-25.
  • Pacifismo: A bíblia é à favor conforme Mateus 5:9.
  • Controle de natalidade: A bíblia não fala sobre isso. Logo, se o método contraceptivo não é abortivo (porque a bíblia condena o aborto), ele é válido.
  • Suicídio medicalmente assistido: A bíblia não fala sobre, mas condena o assassino, logo, se eu ME assassino... Conclua você mesmo.
  • Direitos dos animais e ambiente: A bíblia responsabiliza o homem pelo cuidado com a natureza segundo Gênesis 1:26, 2:19-20 e 3:23.
  • Separação entre igreja e estado: O único modelo de governo pautado na bíblia é a teocracia, mas como as pessoas rejeitaram esse modelo, ainda assim Deus nos diz pra respeitar aqueles que gozam de poder político, conforme 1 Samuel 8:6-22.
  • Direitos dos homossexuais: A bíblia condena o homossexualismo segundo Romanos 1:24-28.
  • Direitos das mulheres: Em primeiro lugar, sem Cristianismo não haveria como falar em direitos das mulheres segundo afirma Lucetta Scaraffia, uma das maiores estudiosas do movimento feminista, professora de História na universidade La Sapienza, de Roma. De fato, a maior parte das argumentações contra as advertências de Paulo sobre a conduta feminina na igreja primitiva (porque a bíblia não defende a guerra dos sexos, mas sua complementaridade desde a criação do primeiro casal) tinham mais em vista não escandalizar a sociedade não-cristã da época e não inflamar os homens crescidos numa sociedade que pouco valor dava à mulher. Mesmo porque, nas cartas paulinas o peso maior na responsabilidade de cuidar da relação estava sobre o homem/marido a quem claramente se dizia em Efésios 5:25 que o marido deve amar sua mulher como Cristo amou à igreja, a ponto de MORRER por ela... No entanto, não é dito o mesmo em relação à mulher, apenas que ela respeitasse o marido! (Efésios 5 22-24).

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