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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tipos de Verdade ☑


Muitas vezes nos deparamos com pessoas dizendo frases como “Não existe verdade absoluta”, ou “Minha verdade é diferente da sua!”, ou ainda “Cada qual tem sua verdade e não podemos questionar isso...” Será?

E se eu dissesse para vocês que existe uma ciência que se ocupa de “estudar a verdade” e outra responsável por estudar a “estrutura do conhecimento”? Estou falando, respectivamente, da Lógica e da Epistemologia. Vocês sabiam que essas ciências são usadas em áreas desde programação de computadores, passando pela matemática, até a validação de estudos nas bancas examinadoras de trabalhos científicos nas Universidades? O que então elas têm a dizer sobre o que é a verdade? Vejamos juntos:

  • Verdade Provável (aquela que depende do "quê" da situação) - São as verdades possíveis, prováveis e até coerentes. Contudo, verdade não é apenas o que é coerente, abrangente, provável ou que funciona para se executar uma tarefa ou explicar algo (o nome pra isso é “teoria” no primeiro caso e “hipótese” no segundo). A chamada "verdade provável" é construída a partir de dados experimentais, preditivos, indutivos e sempre depende de algum estudo estatístico ou método de medição. O que é muito útil, mas apresenta algumas limitações: precisa de constante reciclagem, é passível de mudança súbita mediante novas descobertas, etc. Um caso clássico é quando um candidato é apontado como favorito na disputa eleitoral e perde. Supondo que não houve desonestidade na pesquisa, a explicação fica simples: toda pesquisa é feita com uma “amostra” da população ou de “alguns casos” envolvendo o objeto de estudo (que pode ser uma doença, uma tendência de mercado, ou até mesmo uma opinião convicta baseada nas experiências pessoais de sua vida). Como a pesquisa, no exemplo eleitoral acima, apresentou um resultado equivocado, a explicação mais provável é que tenham entrevistado, por acaso (ou por falha metodológica), uma amostra de pessoas que era favorável ao candidato derrotado, mas que não representava a maioria dos eleitores.

  • Verdade Substancial (aquela que depende do "quem" da situação) - É a verdade de um fato concreto ou daquilo que é, ou que ocorreu unicamente com alguém em alguma época e em algum lugar. Filmes como Matrix ilustram como pode haver um disparate entre a realidade e o que nós achamos ser real. Se eu digo: "Hoje, dia 30 de setembro de 2006, às 16h e 21min, eu, Jean, sinto frio." - trata-se de algo verdadeiro pra mim se eu realmente estiver sentindo frio (coisa que só eu sei), mas não é verdadeiro se estiver se referindo a, por exemplo, você, ou a alguém que esteja no Equador na mesma data e hora, ou de alguém que esteja muito bem agasalhado e tomando chá quente sentado diante de uma lareira. É o famoso "cada um, cada um". Essa é a categoria de “verdade” onde ficam enquadradas nossas opiniões e experiências pessoais, mas o fato de cada um ter a sua não quer dizer que todos estão certos ao mesmo tempo num mesmo sentido nem muito menos que não existam verdades inquestionáveis.

  • Verdade Inegável (verdade inquestionável) - De tão verdadeira, não pode, sob hipótese alguma, ser refutada ou negada. É através dela que definimos a realidade e está diretamente ligada à linguagem (50%) e à estrutura do pensamento (50%). Sem ela não poderíamos sequer construir um simples pensamento. Ex.: Se eu observo um triângulo e quero explicar pra alguém o que é um triângulo eu digo que “triângulo é todo objeto que tem 3 lados”; se falo de uma bola, esta nunca poderá ser quadrada; se falo que 2+2=4 isso nunca será 2+2=5; se falo de um morto, ele não pode mais estar vivo; se me refiro a um homem casado, ele não pode mais estar solteiro. São todas verdades inegáveis porque a própria definição daquilo que eu afirmo não permite outro significado nem nenhuma outra interpretação senão a descrição precisa e exata das coisas.

  • Verdade Necessária (verdade absoluta) - Ou verdade ontológica, é uma verdade que não só é impossível de ser negada como é também impossível de não existir, já que dela implica a existência de todas as outras categorias. Lembrando que “intenção, crença ou desejo não são verdades absolutas” (afinal, atire a primeira pedra... quem nunca falou algo que achava estar certo e errou? Ou ainda, quem de nós nunca mudou de ideia sobre algo que antes gostava? Ou mesmo, quem de nós nunca acreditou numa mentira?). Se o mundo existe e podemos pensar sobre ele, do mesmo modo como para cada desejo existe uma forma de satisfação, se eu digo algo como “não existe verdade” é o mesmo que dizer: “a verdade não corresponde à realidade”, mas isso também é uma tentativa de explicar algo que correspondente à verdade (pois é o mesmo que tentar explicar a realidade dizendo que a realidade não existe!). Logo, essa frase é falsa! O ser humano pensa através de comparações, isso nos mostra que “verdade é a correta descrição do assunto sobre o qual se fala”. A “verdade necessária”, da qual decorre todo o conhecimento e que todos nós usamos para compor cada pensamento nosso, é sempre que: “alguma coisa existe, portanto alguma coisa é Verdade Absoluta”... Ainda que você não saiba ou não queira saber que Verdade é essa.
Sugestões de livros para saber mais:
https://g.co/kgs/3exEwb - Enciclopédia de Apologética Norman Geisler
https://bityl.co/6Hm2 - Curso de Filosofia Régis Jolivet

Um comentário:

  1. Parabéns pela montagem do assunto em si;bem elaborado, e de fácil assimilação de "verdades"rsrsrs

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