Quem é pentecostal e acompanhou a série "Paradoxos Religiosos" talvez não tenha gostado do que leu, mas é inegável: Atos 2 não menciona línguas estranhas, mas línguas HUMANAS sendo faladas no advento do pentecostes.
Mas, porém,
todavia, entretanto, para a alegria dos leitores pentecostais, a Bíblia lhes aponta direito de réplica no tema da glossolalia (termo técnico para as chamadas "línguas estranhas"). Onde? Em 1
Coríntios 14.
Para efeito de
contextualização, vamos citar todo o texto sobre as a manifestação de línguas
na igreja primitiva, que vai do versículo 1 ao 33 do capítulo 14 de 1 Coríntios sem a notação numérica dos versículos:
"Segui o amor, e
procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar.
Porque o que fala em LÍNGUA DESCONHECIDA não fala aos homens, senão a Deus;
porque NINGUÉM O ENTENDE, e EM ESPÍRITO FALA MISTÉRIOS. Mas o que profetiza
fala aos homens, para edificação, exortação e consolação. O que fala em língua
desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja. E eu
quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis; porque o
que profetiza é maior do que o que fala em línguas, a não ser que também
interprete para que a igreja receba edificação.
E agora, irmãos, se eu for ter convosco
falando em línguas, que vos aproveitaria, se não vos falasse ou por meio da
revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina? Da mesma sorte, se as
coisas inanimadas, que fazem som, seja flauta, seja cítara, não formarem sons distintos,
como se conhecerá o que se toca com a flauta ou com a cítara? Porque, se a
trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? Assim também
vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se
entenderá o que se diz? Porque estareis como que falando ao ar. Há, por
exemplo, tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significação.
Mas, se eu ignorar o sentido da voz, serei bárbaro para aquele a quem falo, e o
que fala será bárbaro para mim. Assim também vós, como desejais dons espirituais,
procurai abundar neles, para edificação da igreja. Por isso, o que fala em
língua desconhecida, ore para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em
língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem
fruto. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento;
cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento. De outra
maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de
indouto, o Amém, sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes?
Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado. Dou graças
ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos. Todavia eu antes quero
falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir
os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida. Irmãos, não sejais
meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no
entendimento. Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros
lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De
sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; e a
profecia não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis. Se, pois, toda a
igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos
ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos? Mas, se todos profetizarem,
e algum indouto ou infiel entrar, de todos é convencido, de todos é julgado. E,
portanto, os segredos do seu coração ficam manifestos, e assim, lançando-se
sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está
verdadeiramente entre vós. Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada
um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem
interpretação. Faça-se tudo para edificação. E, se alguém falar em língua
desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja
intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale
consigo mesmo, e com Deus. E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o
primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que
todos aprendam, e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão
sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como
em todas as igrejas
dos santos."
Baseado no
versículo 4, supondo que Paulo não está ironizando ao dizer "o que fala em
língua desconhecida edifica-se a si mesmo" realmente dá base para
imaginarmos uma língua desconhecida, mas COM SIGNIFICADO. O que pode indicar tanto língua estrangeira como glossolalia.
Não julguemos a questão precipitadamente... se toda língua estranha fosse língua estrangeira e Deus cedeu línguas humanas em Atos 2:4-12 (clique para ler), não era de se esperar que quem fala tais línguas estivesse entendendo o significado e interpretação do que diz já que seria uma ferramenta para a pregação do Evangelho às nações de toda língua e cultura distintas? Quando comparamos as ocorrências do primeiro pentecostes e as advertências de Paulo sobre o controle no falar de línguas durante o culto, Paulo abre seu discurso com "língua desconhecida" no singular e Atos 2 narra línguas de "partos, medos, elamitas, gente da Mesopotâmia, Judeia, Capadócia, Ponto, Ásia , Frígia, Panfília, Egito, terras da Líbia perto de Cirene, forasteiros vindos de Roma (tanto judeus como convertidos ao judaísmo), cretenses e árabes". Sou só eu que notei isso ou realmente Paulo e o autor de Atos estão realmente falando de coisas, ao menos parcialmente, diferentes?
Resta agora ao irmão
pentecostal defensor da glossolalia averiguar se a MANIFESTAÇÃO e ÊNFASE no dom
de línguas em sua igreja tem se enquadrado no padrão "ordem e
decência" preconizado por Paulo em todo capítulo que enfatiza a TRADUÇÃO
do que quer que se diga e o SE CALAR caso não haja intérprete. ;-)
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