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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Infinito, Paradoxos de Zenão e a Criação ☑



Paradoxos são coisas engraçadas. Como, por exemplo, quando uma pessoa tenta se desculpar imediatamente após uma mentirinha branca dizendo: "Eu nunca menti pra você... exceto agora."

Não é preciso ser nenhum gênio pra notar que, ao dizer que "nunca mentiu, exceto agora", caso a afirmação seja verdadeira ela teria que NECESSARIAMENTE ser falsa e, só poderia ser falsa sendo verdadeira. Sim, é um absurdo! Do mesmo tipo que faria robôs explodirem nos antigos filmes de ficção científica.

Se você pesquisar alguns enigmas envolvendo paradoxos no Google vai se divertir por algumas horas e pode render um bom papo com amigos e colegas.

No momento, gostaria de convidar você a analisar comigo um exemplo de Paradoxo proposto por um filósofo grego sacana chamado Zenão de Eléia (Eléia era a cidade de onde veio o cidadão).

Zenão propôs um cenário imaginário em que um cara chamado Aquiles e uma tartaruga apostassem uma corrida. Mas Aquiles, incapaz de pensar na possibilidade de perder, deixou um espaço de vantagem para a tartaruga.

Diferente do conto em que a tartaruga e a lebre apostam corrida, a idéia de Zenão não era dar lição de moral, mas apenas sacanear os intelectuais da época - você não vai encontrar nenhuma "moral" sobre paciência nessa história. Zenão pede que imaginemos a distância percorrida nessa corrida como sendo formada por pequenos pontos ou unidades de medida. Nisso, Zenão nos pede que imaginemos que entre cada distância entre os pontos haja mais pontos menores separados entre si, do mesmo modo que um metro é composto por centímetros, centímetros por milímetros e assim por diante. Quando contabilizamos quantos pontos a percorrer existiriam entre Aquiles e a Tartaruga, chegamos a um número infinito de pontos ou unidades no espaço entre Aquiles e a dianteira que ele deu à tartaruga no começo da corrida. O paradoxo aqui está em que Aquiles não poderia atravessar um número infinito de pontos/distâncias até chegar à tartaruga! Todavia, sabemos que não há como, de fato, uma tartaruga vencer um corredor na vida real. Como explicar esse paradoxo então?

Como cristão e teísta, acho esse paradoxo proposto por Zenão bastante interessante porque toda a visão de mundo teísta depende da idéia de infinito em relação ao tempo ser impossível, tanto contrária à experiência quanto anômala ao raciocínio lógico. Se o universo é infinito no tempo, então não há um momento em que as coisas (matéria, energia, etc.) começariam a existir, logo não poderia ter acontecido uma criação por parte de uma divindade, entenderam? A fé depende de um momento inicial onde um criador cria todas as coisas, independente se essas coisas são criadas prontas ou como uma máquina a evoluir, esse momento em que nada existe, exceto um Criador que, a partir daí, traz as coisas à existência, é a base de qualquer crença em Deus ou deuses.

Quando um cristão justifica sua fé dizendo que Deus criou todas as coisas as pessoas costumam perguntar "Então quem criou Deus?" em termos lógicos essa pergunta faz tanto sentido quanto Zenão dizer que não há como Aquiles ultrapassar a tartaruga porque, em seu raciocínio, imagina um espaço a ser percorrido que é entendido como infinito quando, na verdade, trata-se de uma distância entre 2 pontos com um começo e um fim absolutos, estabelecidos para delimitar o espaço onde ocorreria a corrida.¹

O caso é que as pessoas só imaginam que possa existir algo antes de Deus (um Criador do Criador) porque pensam que tempo infinito é possível. Num tempo infinito não haveria momento inicial ou final e todo referencial que fosse usado para medí-lo seria relativo, do mesmo modo que um humanista afirma ao dizer que nenhuma verdade é absoluta. É absurdo!

Assim como o paradoxo de Zenão nos mostra que não há como percorrer um número infinito de pontos para percorrer uma distância, não há como chegar ao momento atual se em realidade existisse uma soma de tempo infinita antes do agora. O AGORA nunca chegaria!

A alternativa que sobra é que o tempo teve princípio. Se o tempo teve princípio fica muito mais fácil argumentar em torno da criação.

Apenas pra não colidirmos essa idéia com a de eternidade: eternidade não é tempo simplesmente por 2 razões:

1-A física moderna estipula que o tempo é uma das dimensões da matéria, assim como altura, largura e comprimento. Assim, a idéia de "tempo" só faz sentido onde há matéria.²

2-Eternidade é uma perfeição, é a característica do que existe absolutamente e não desvanece. E só quem a detém é o próprio Deus. O que leva a pensar que fora dele não há eternidade.

"Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram (...)" Atos 17:28

Fontes:

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