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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Mais Estranho que a Ficção



Talvez o mais próximo que um homem possa chegar da mente de Deus seja escrever um romance. Não me entenda mal, digo romance no sentido de história complexa, extensa, cheia de um intrincado de personagens, com começo, meio, fim e, o mais importante, propósito.
Um autor, dependendo do estilo do livro que escreve e da sua visão de mundo, cria uma série de regras do que pode ou não acontecer em sua história para que saia um drama, uma comédia, um conto de terror ou um romance. Os personagens, o ambiente e os detalhes serão pessoas criadas a partir dos conhecimentos do autor.
No enredo do filme "Mais Estranho que a Ficção", Harold Crick é um homem que vive uma vida metódica e repetitiva altamente controlada, até que, de repente, passa a ouvir a voz de uma mulher que narra, e até antecipa, suas ações. A continuidade do fenômeno faz Harold Crick achar que está ficando pinel (e é exatamente nisso que a psicóloga que o atende aposta) - o problema desse diagnóstico é que a narradora prevê a morte de Harold Crick e o rapaz crê, afinal a voz estava certa sobre muitas outras coisas. A única ajuda que a Psicóloga acaba realmente dando a Harold é, a pedido de Harold, num momento de suspensão dos axiomas de sua profissão, quando ela pensa no que ela faria se a voz estivesse na cabeça dela e ela "soubesse" que a voz é real, e não uma alucinação. Isso faz vocês pensarem em alguma situação? A mim faz...
Como o tom da narração era extremamente literário, Harold Crick passa a usar a cabeça e procura alguém que realmente possa ajudá-lo: um professor de literatura (mesma conclusão a que chegou a psicóloga de Harold ao supor que a voz pudesse ser real) - aliás, o personagem, professor Hilbert, segue uma linha de raciocínio que lembra a do Professor de As Crônicas de Nárnia, afinal, nem tudo que parece absurdo realmente é. O professor e Harold descobrem de quem é a voz e também que a autora tem o péssimo hábito de matar seus protagonistas em seus dramas.
Harold passa a correr contra o tempo para encontrá-la e convencê-la a mudar o final do livro, e evitar sua morte programada.
O encontro dos dois, nessas circunstâncias, é emocionante, porque a autora não fazia idéia de que se matasse Harold Crick na história o mataria na vida real.
Com Deus e nós a situação é parecida. A princípio Ele apenas escreveu sua grande obra com a criação do universo, da vida e do livre-arbítrio. Tendo seu propósito programado na história, assim como um autor de comédia tem um vasto repertório de piadas pra usar. Todavia, Ele deixa os personagens livres em suas ações, que levarão ao cumprimento desse propósito, do enredo do livro, em cada pessoa e no quadro geral da humanidade, até o grandioso final do livro. O problema é que, com o pecado, pelo enredo que Deus estava criando, o único final que prestava, à primeira vista, era a morte da humanidade, protagonista de seu livro... E agora? O que o autor faz? Ele entra na história! Compartilha dores e alegrias com os personagens que criou e chega à seguinte conclusão:

"Sei que vocês sofrem, só não posso mudar isso agora que já escrevi trocentas páginas... Algumas coisas vão acontecer e muita gente não vai gostar, mas façamos um trato - eu vou deixar que as suas ações interfiram no quando e como o final vai acontecer pra você e, agora que eu vi como é ser um personagem limitado e distante do autor, vou abrir uma brecha pra que o personagem traga suas queixas ao autor e a gente pensa no que dá pra mudar... Isto é, se vocês, humanos/personagens, quiserem. Mesmo se você não gostar, eu te prometo que, se me ajudar com o final do livro fazendo sua parte, vou continuar sua história em um outro livro e este terá um final eternamente feliz: o Livro da Vida (Apocalipse 3:5). Que tal? A história não vai mais ter que terminar em morte pra você".

Não sei você, mas eu topei.
Louvado seja O Autor e consumador da nossa fé!

Pra quem se interessou no filme, confira:

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