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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Religiogênese ☑

Há algum tempo parei para analisar alguns fatos curiosos enquanto estudava o quadrado das oposições: um diagrama de lógica usado para entender quais afirmações são contraditórias (se uma é verdadeira, a outra é falsa), contrárias (não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo, mas podem ser falsas ao mesmo tempo) ou subcontrárias (não podem ser falsas ao mesmo tempo, mas podem ser verdadeiras ao mesmo tempo). Pense assim: Luz e escuridão são contraditórias; luz e sombra são contrárias; sombra e penumbra são subcontrárias. 

Normalmente as pessoas não pensam sobre isso ao aderir a uma religião, mas todas as crenças se alicerçam em algumas afirmações primordiais. Dando um exemplo mais claro, existem apenas 4 tipos de crenças a respeito da existência de Deus:


#Panteístas ou Materialistas - Tudo é deus ou A natureza é deus (impessoal, energia, etc). Ex.: religiões tribais, crenças marxistas, materialismo científico, movimento new age, Budismo (depende da vertente) etc.

#Monoteístas - Há apenas um único Deus pessoal. Ex.: Islão, Judaísmo e Cristianismo.

#Politeístas - Há muitos deuses. Ex.: Hinduísmo, antigas religiões greco-romanas e africanas, etc.

#Ateístas - Não há Deus algum. Ex.: Budismo (depende da vertente), Taoísmo, etc.

Conforme a lógica afirma: duas afirmações opostas/contrárias num mesmo sentido não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo, embora possam ser ambas falsas, daí conclui-se que:


a) Se há um único Deus, o panteísmo, o politeísmo e o ateísmo são falsos.
b) Se há um ou mais deuses, o ateísmo é falso e o panteísmo pode ou não ser verdadeiro.
c) Se não há Deus ou deuses, o monoteísmo e o politeísmo são falsos e o o panteísmo pode ser verdadeiro.
d) Se tudo é Deus(es) tanto politeísmo como ateísmo podem estar certos.

Como se vê, está demonstrado pela lógica que as ideias centrais das principais religiões são mutuamente excludentes.

Vale lembrar que agrupei as crenças "religiosas" de acordo com seus alicerces básicos, portanto, estão de fora os aspectos de sincretismo pelas mesmas razões acima: sincretismo é um celeiro de contradições.

Agrupei as religiões panteístas sob a definição de panteístas/materialistas porque dizem basicamente a mesma coisa: deus é qualquer coisa que se adore e o todo do universo é a soma de suas partes, logo existe carma (o Espiritismo acaba se enquadrando nessa categoria por englobar o conceito de carma, que veio do ORIENTE, apesar de haver cristãos espíritas devido ao sincretismo religioso). A diferença é que o panteísta adora tudo e o materialista ou adora a ciência ou adora a si mesmo (egocentrismo). Essas crenças não são propriamente contraditórias com o ateísmo puro, que se constitui ou na negação de deus pura e simples ou ainda na rejeição da ideia de um Deus pessoal com os atributos teístas ou de um Criador inteligente (aspecto em que os sem fé divergem intelectualmente).

A negação de um criador inteligente (Deus ou deuses) é absurda pela definição de verdade que adotamos; disso conclui-se que tanto o panteísmo (que nega a personalidade da divindade, portanto, também nega sua inteligência) quanto o ateísmo são absurdos.

Restam as religiões monoteístas e politeístas. Mas um universo politeísta sempre tem um Deus criador em qualquer mitologia. Daí conclui-se que os demais "deuses" lhe são criação distinta e inferior ao mesmo. Ou seja, todo politeísmo é redutível ao monoteísmo (sendo um Deus o princípio de tudo, não pode haver mais de um começo das coisas, pois seria absurdo, daí a ideia de um único Criador inicial, inteligente e pessoal e de um universo com leis ordenadas).

A conclusão final é que o monoteísmo é a única crença coerente o bastante com a realidade para ser verdadeira.

Apesar da clareza do texto, convém lembrar a objeção do filósofo alemão Immanuel Kant contra o valor das provas da existência de Deus:


(Adaptado de Curso de Filosofia e Lógica – Régis Jolivet.
Para acessar o livro, clique aqui.)

A isto se responde que é justamente pelas evidências sensíveis que se baseia a ideia de Deus como aquele que Existe para gerar todo o resto (nada sai do nada). O que defendo aqui é que a ideia precisa de confirmação na realidade pra fazer sentido (existir) e toda dedução sobre algo que existe deve se basear em outros entes existentes. Kant está tentando nos confundir separando a ideia de causa do fato de que tudo que passa a existir ser causado por outra coisa. A dada citação de Kant chega a ser infantil olhando dessa forma já que verdade também é a correspondência entre o que digo e o que é. Dizendo de outra forma: Verdade é eu dizer da coisa aquilo que corresponde corretamente à ela. Se verde, verde. Se grande, grande. Se feio, feio. Se existente, verdadeiro. Ad infinitum.

Resta agora uma análise sobre a veracidade das religiões monoteístas uma a uma. Deixo isso a cargo do leitor como exercício. Boa sorte!

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Um comentário:

  1. Dá pra acreditar que Kant era cristão?! O.o

    Veja vc mesmo... acesse, aperte f3 e digite "cristão" (sem aspas.Só usei pra destacar a palavra):

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Immanuel_Kant#Marcos_na_vida_de_Kant

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