Pra quem não gosta de Simpsons...
Em se tratando de Simpsons, uma coisa é certa: é risível porque é visível. As situações absurdas que acontecem a essa família de desenho animado são absurdas em quantidade, mas a cada episódio é difícil não se identificar com alguma situação que já se viveu pessoalmente ou que, ao menos, algum conhecido nosso viveu. Seguindo essa fórmula temperada com bom humor e fantasia (mesma fórmula dos quadrinhos de Stan Lee e Steve Ditko, cujo mais famoso expoente é o azarão Homem-Aranha), Os Simpsons são um sucesso a mais de 20 anos.
Ao longo das muitas temporadas se metem a fazer graça com as incoerências do dia-a-dia no governo, na escola, na família e na igreja. Critica sutilmente a idolatria à tv e ao "american way of
life", mas... E quando a questão é o Cristianismo?
O criador do desenho, Matt Groening já foi acusado de ser gay, satanista, partidário de sociedades secretas e até de pokémon do anti-cristo ele já deve ter sido chamado em preleções de alguma igrejinha do interior. Mas, acompanhando a série, qual o veridicto a respeito do modo como o desenho aborda o Cristianismo?
Impossível não pensar no desleixado Reverendo Lovejoy e no obsessivo, mas bem intencionado Ned Flanders.
As duas figuras são quase tão opostas quanto Bart e Lisa. O reverendo se limita a mostrar todas as formas possíveis de ir para o inferno, mas não há referências explícitas aos ensinamentos de Cristo. Logo, posso deduzir que Os Simpsons frequentam uma igreja "cristã" só de nome.
Ned tenta seguir os ensinamentos mas não busca entendê-los, o que é uma falha tendo em vista que a Bíblia nos exorta a "CRESCER na GRAÇA e no CONHECIMENTO" (2 Pedro 3:18). Ned se mostra constantemente inseguro com relação às
informações e situações a que seus filhos estão sujeitos no mundo e acaba se tornando um pai sufocante e superprotetor. Seus filhos são esquisitos e alienados.
Homer chegou a folhear a Bíblia com uma dúvida absurda digna de sua inteligência de orangotando (sem ofensas aos orangotangos) e afirma categoricamente que "esse livro não tem as respostas" em um episódio.
Recentemente foi publicada uma matéria na internet onde a Igreja Católica Romana declarou que Homer e Bart são católicos... Duvida?
Vejam por si mesmos:
http://www.anmtv.xpg.com.br/vaticano-declara-homer-simpson-e-sua-familia-catolicos
Apesar disso o que me intriga particularmente é que dentre todas as figuras no desenho que demonstram ter uma consciência moral, Lisa Simpson, ao contrário do que alguns pensam, é quem mais dá margem ao descrédito do Cristianismo, sendo, tecnicamente, uma adepta new age.
Suas idéias, a princípio, sempre parecem muito boas e morais (ao contrário da maioria dos personagens, talvez com exceção de Ned Flanders). O problema é que seus pressupostos e análise da realidade são muito deficientes.
Por exemplo, num irônico especial de Halloween, Lisa lê no túmulo de um desconhecido "eu sonhei com um mundo sem armas". Sobre essa sentença ela prega e convence a cidade a se livrar das armas apenas para perceber que isso era um plano de zumbis para escravizar a cidade indefesa e que o túmulo pertencia a Billy the kid.
Ao notar que Bart poderia ser um músico de jazz melhor que ela mesma ou ao descobrir que Maggie tinha uma inteligência superior à sua, Lisa age como uma ególatra viciada em elogios e incapaz de viver sem ser avaliada. Costumeiramente subestima todos à sua volta e não consegue
perceber que, num mundo imperfeito, algo aparentemente bom pode gerar consequências ruins (como ajudar o senhor Burns a reerguer seu império após perder tudo, o que gerou um genocídio de animais marinhos) nem que algo aparentemente ruim pode ter consequências boas (ter colado numa prova lhe deu uma nota que elevou a média de desempenho de sua escola dando oportunidade de pagar o atrasado dos professores e investir em material didático e reformas, mas lá estava ela pronta a pôr a comunidade toda a perder porque se sentiu mal de ter colado (apesar de ter sido publicamente perdoada).
Lisa Simpson não sabe a diferença de certo e errado num mundo errático e nunca ouviu falar no efeito borboleta aparentemente. Não muda de atitudes e raramente se põe no lugar das outras pessoas (embora queira que o façam quando a magoam), mesmo tendo se convertido ao budismo, finge ser cristã para a comunidade sem entender nenhuma das duas crenças.
Ao mesmo tempo que nega a possibilidade de se crer em algo que não possa ser demonstrado pela ciência admite a reencarnação budista, apesar de não haver o menor indício científico sólido da possibilidade de tal fenômeno.
Lisa parece uma boa síntese de nossos tempos mítico-céticos, onde ateus de carteirinha são fãs de Sobrenatural e adeptos da new age tentam puxar a sardinha da física quântica para seu modo de interpretar a realidade (como no documentário "Quem Somos Nós", mas isso é postagem pra outro dia...).
Mais estranho ainda é que o normalmente encarado como "capeta em forma de guri", Bart Simpson, tem uma conduta muito menos hipócrita. Bart admite seus erros e adapta sua conduta. Como um pecador, se desculpa e retoma sua vida para descobrir que é incapaz de se redimir por si mesmo. Bart não tenta reconstruir o mundo à imagem de seus ideais como Lisa, ele tenta remediar o mal causado por ele mesmo da forma que pode. Algumas das melhores frases sobre Deus ou Cristo partem dele (já citado acima) como ao ser felicitado por não repetir de ano na escola (episódio 1 da segunda temporada), humildemente responde "obrigado gente, mas Deus me ajudou" ou ainda, quando diz em outro episódio: "ainda bem que passamos a adorar um carpinteiro que viveu a 2000 anos" ao comparar mitologia com o Cristianismo numa conversa com Lisa. Mesmo que seja pra pedir a morte do Sideshow Bob, Bart comumente é visto orando (o que, convenhamos, é basicamente o que acontece no livro de Salmos - judeus pedindo ao Senhor pra matar seus inimigos). Mesmo sendo travesso, ajuda seus aparentes inimigos (como Sideshow Bob e o diretor Skinner) diversas vezes.
Amar os inimigos, orar sem cessar, arrependimento... Talvez o malandro da história não seja tão malandro afinal. Assim como muitos dos pecadores que rodeavam Jesus terminaram por crer nele.
É importante frisar que "Os Simpsons" é um programa cuja idéia central é ridicularizar situações cotidianas do dia-a-dia nos EUA: a suposta nação livre fundada por supostos cristãos reformados. O programa parte da mesma idéia de "American Jesus", canção dos ateus do Bad Religion. Aliás, "Sorrow", também do Bad Religion, já ganhou cover dos cristãos do Switchfoot, pois, entre ateus e cristãos verdadeiros há uma filosofia em comum: rejeição da fé comercializada - a única coisa podre o bastante pra fazer Jesus usar de agressão para pregar santidade (João 2:13-16; Mateus 21:12-13)... Reflitamos sobre isso.
Retende o que é bom (I Tessalonicenses 5:21).
life", mas... E quando a questão é o Cristianismo?
O criador do desenho, Matt Groening já foi acusado de ser gay, satanista, partidário de sociedades secretas e até de pokémon do anti-cristo ele já deve ter sido chamado em preleções de alguma igrejinha do interior. Mas, acompanhando a série, qual o veridicto a respeito do modo como o desenho aborda o Cristianismo?
Impossível não pensar no desleixado Reverendo Lovejoy e no obsessivo, mas bem intencionado Ned Flanders.
As duas figuras são quase tão opostas quanto Bart e Lisa. O reverendo se limita a mostrar todas as formas possíveis de ir para o inferno, mas não há referências explícitas aos ensinamentos de Cristo. Logo, posso deduzir que Os Simpsons frequentam uma igreja "cristã" só de nome.
Ned tenta seguir os ensinamentos mas não busca entendê-los, o que é uma falha tendo em vista que a Bíblia nos exorta a "CRESCER na GRAÇA e no CONHECIMENTO" (2 Pedro 3:18). Ned se mostra constantemente inseguro com relação às
informações e situações a que seus filhos estão sujeitos no mundo e acaba se tornando um pai sufocante e superprotetor. Seus filhos são esquisitos e alienados.
Homer chegou a folhear a Bíblia com uma dúvida absurda digna de sua inteligência de orangotando (sem ofensas aos orangotangos) e afirma categoricamente que "esse livro não tem as respostas" em um episódio.
Recentemente foi publicada uma matéria na internet onde a Igreja Católica Romana declarou que Homer e Bart são católicos... Duvida?
Vejam por si mesmos:
http://www.anmtv.xpg.com.br/vaticano-declara-homer-simpson-e-sua-familia-catolicos
Realmente há um episódio onde o exemplo de vida de um padre faz Bart querer se converter ao catolicismo (http://es.wikipedia.org/wiki/The_Father,_The_Son,_and_the_Holy_Guest_Star) e Homer também (mas pelo Bingo de domingo e comida grátis). No entanto, no mesmo episódio Bart solta a pérola: "Não há porque cristãos estarem divididos entre si. Por que , ao invés disso, não combatemos nossos inimigos em comum?"
Aos mais fechados vale lembrar que o Catolicismo norte-americano é mais similar ao Protestantismo como um todo que o Catolicismo brasileiro, que é mais próximo do espiritismo e das religiões afro-ameríndias.Apesar disso o que me intriga particularmente é que dentre todas as figuras no desenho que demonstram ter uma consciência moral, Lisa Simpson, ao contrário do que alguns pensam, é quem mais dá margem ao descrédito do Cristianismo, sendo, tecnicamente, uma adepta new age.
Suas idéias, a princípio, sempre parecem muito boas e morais (ao contrário da maioria dos personagens, talvez com exceção de Ned Flanders). O problema é que seus pressupostos e análise da realidade são muito deficientes.
Por exemplo, num irônico especial de Halloween, Lisa lê no túmulo de um desconhecido "eu sonhei com um mundo sem armas". Sobre essa sentença ela prega e convence a cidade a se livrar das armas apenas para perceber que isso era um plano de zumbis para escravizar a cidade indefesa e que o túmulo pertencia a Billy the kid.
Ao notar que Bart poderia ser um músico de jazz melhor que ela mesma ou ao descobrir que Maggie tinha uma inteligência superior à sua, Lisa age como uma ególatra viciada em elogios e incapaz de viver sem ser avaliada. Costumeiramente subestima todos à sua volta e não consegue
perceber que, num mundo imperfeito, algo aparentemente bom pode gerar consequências ruins (como ajudar o senhor Burns a reerguer seu império após perder tudo, o que gerou um genocídio de animais marinhos) nem que algo aparentemente ruim pode ter consequências boas (ter colado numa prova lhe deu uma nota que elevou a média de desempenho de sua escola dando oportunidade de pagar o atrasado dos professores e investir em material didático e reformas, mas lá estava ela pronta a pôr a comunidade toda a perder porque se sentiu mal de ter colado (apesar de ter sido publicamente perdoada).
Lisa Simpson não sabe a diferença de certo e errado num mundo errático e nunca ouviu falar no efeito borboleta aparentemente. Não muda de atitudes e raramente se põe no lugar das outras pessoas (embora queira que o façam quando a magoam), mesmo tendo se convertido ao budismo, finge ser cristã para a comunidade sem entender nenhuma das duas crenças.
Ao mesmo tempo que nega a possibilidade de se crer em algo que não possa ser demonstrado pela ciência admite a reencarnação budista, apesar de não haver o menor indício científico sólido da possibilidade de tal fenômeno.
Lisa parece uma boa síntese de nossos tempos mítico-céticos, onde ateus de carteirinha são fãs de Sobrenatural e adeptos da new age tentam puxar a sardinha da física quântica para seu modo de interpretar a realidade (como no documentário "Quem Somos Nós", mas isso é postagem pra outro dia...).
Mais estranho ainda é que o normalmente encarado como "capeta em forma de guri", Bart Simpson, tem uma conduta muito menos hipócrita. Bart admite seus erros e adapta sua conduta. Como um pecador, se desculpa e retoma sua vida para descobrir que é incapaz de se redimir por si mesmo. Bart não tenta reconstruir o mundo à imagem de seus ideais como Lisa, ele tenta remediar o mal causado por ele mesmo da forma que pode. Algumas das melhores frases sobre Deus ou Cristo partem dele (já citado acima) como ao ser felicitado por não repetir de ano na escola (episódio 1 da segunda temporada), humildemente responde "obrigado gente, mas Deus me ajudou" ou ainda, quando diz em outro episódio: "ainda bem que passamos a adorar um carpinteiro que viveu a 2000 anos" ao comparar mitologia com o Cristianismo numa conversa com Lisa. Mesmo que seja pra pedir a morte do Sideshow Bob, Bart comumente é visto orando (o que, convenhamos, é basicamente o que acontece no livro de Salmos - judeus pedindo ao Senhor pra matar seus inimigos). Mesmo sendo travesso, ajuda seus aparentes inimigos (como Sideshow Bob e o diretor Skinner) diversas vezes.
Amar os inimigos, orar sem cessar, arrependimento... Talvez o malandro da história não seja tão malandro afinal. Assim como muitos dos pecadores que rodeavam Jesus terminaram por crer nele.
É importante frisar que "Os Simpsons" é um programa cuja idéia central é ridicularizar situações cotidianas do dia-a-dia nos EUA: a suposta nação livre fundada por supostos cristãos reformados. O programa parte da mesma idéia de "American Jesus", canção dos ateus do Bad Religion. Aliás, "Sorrow", também do Bad Religion, já ganhou cover dos cristãos do Switchfoot, pois, entre ateus e cristãos verdadeiros há uma filosofia em comum: rejeição da fé comercializada - a única coisa podre o bastante pra fazer Jesus usar de agressão para pregar santidade (João 2:13-16; Mateus 21:12-13)... Reflitamos sobre isso.
Retende o que é bom (I Tessalonicenses 5:21).
Errata do Proibido Pensar:
ResponderExcluirSobre a frase citada de Bart, a fala correta seria:
"É tudo Cristandade gente!
As pequenas diferenças estúpidas não são nada perto das grandes similaridades estúpidas!"
A parte de se concentrar em inimigos em comum é fala de Ned Flanders.