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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ateísmo, Zeitgeist e Outras Parafernálias da Atualidade - Parte 3

Ó Záitigáiti, môstri-nus a vérdadi!

Ok, sem piadinhas... O documentário apresenta algumas acusações sérias à autenticidade Bíblica. Então vamos pensar mais um pouco...

Tudo que nós aprendemos segue uma coisinha chamada "lei da autoridade", ou como eu prefiro chamar "o mestre falou assim". Se formos analisar a história do povo judeu antigo (sim, Jesus era judeu, sabia? kkkk) poderemos perceber que a maior parte da sua história só começou a ser documentada a partir da lei mosaica. Como os antigos tinham o costume de tentar "preservar a linhagem", casamentos entre irmãos, primos e outras coisas do gênero eram comuns antes da lei mosaica e onde não há lei não há crime" - o que também servia para dar mais autenticidade ao que chamamos tradição oral. Sobre tradição oral, eu recomendo o filme "Narradores de Javé". 

Qualquer um que presencie como a história pode ser preservada apenas pela fala vai se surpreender com como indivíduos de comunidades diferentes ligados por um fato e um local históricos apresentavam relatos idênticos em essência, mas não em especificidades. A tradição oral era confiável para descrever o passado em seus aspectos gerais assim como as leis de newton explicam perfeitamente a física macroscópica, apesar de não ser suficiente para explicar fenômenos subatômicos porque Newton não só não tinha conhecimento dos mesmos como também não julgava picuinhas importantes mediante provas macroscópicas que estava certo, se é que o leitor entende o que eu quero dizer.

A tradição oral é posta em escrito por outra figura histórica, Moisés. Judeus são cuidadosos demais com genealogias pra que uma pessoa sensata possa crer que esse indivíduo foi um mito, mas esse não é um argumento absoluto sobre a questão - todavia vale lembrar que quase nenhuma etnia capitalista dá a mínima para genealogias a menos que se trate de alguma família rica há muitas gerações, como o próprio Zeitgeist mostra ao mencionar o histórico familiar de grandes banqueiros. 

O realmente importante a saber é que nenhuma civilização antiga, e isso inclui os egípcios, não tinham costume de escrever suas derrotas em batalha, mas suponhamos que toda a história de Moisés não passe de balela. Vamos ignorar completamente Algumas tribos, sob a liderança de Jacó, migraram para o Egito e lá ficaram por quatrocentos anos, período que coincidiu com a dominação dos hicsos, que cooperaram com os hebreus e ignorar também que quando os hicsos foram expulsos os hebreus passaram a sofrer perseguições e foram condenados a pagar altos impostos e até mesmo foram transformados em escravos. Vamos ignorar que essa opressão só terminou com o aparecimento de Moisés que liderou o povo hebreu na marcha em direção a Canaã (a chamada "Terra Prometida"). 

Se o Antigo Testamento da Bíblia, datando registros históricos de aproximadamente 539 a.C. não pode ser considerado um registro histórico confiável, que dizer de todos os outros registros? Afinal cada povo contava a sua história (e ainda conta) puxando a sardinha pro seu lado, mas a Bíblia, ironicamente não oculta os podres de seus personagens. Moisés era assassino, Sansão era um taradão e Davi , um adúltero homicida, etc, etc, etc... Isso citando apenas o Antigo Testamento!

Lembrando que estou me propondo a analisar a questão a partir dos conhecimentos mais evidentes possíveis como a lógica da causalidade e a "birra" humana.

A regra do "o mestre falou" também é uma via de mão dupla, porque qualquer pessoa que veja um dado novo sendo exposto pela mídia vai lhe dar muito crédito independente de sua veracidade e quanto maior a quantidade de dados apresentados maior as chances percentuais do relato ser falso ou incompreensível. Zeitgeist usa a mesma técnica que acusa para se afirmar como verdade... nomes de pessoas e estudiosos pra impressionar e algumas pitadas de medo para se degustar.

Então surge a pergunta, o que nos faz crer que com a Bíblia seja diferente?

Diferente das várias mitologias, os assuntos narrados na Bíblia são geralmente ligados a datas, a personagens ou a acontecimentos históricos (de fato, vários cientistas têm reconhecido a existência de personagens e locais narrados na Bíblia, que até há poucos anos eram desconhecidos ou considerados fictícios), apesar de não confirmarem os fatos nela narrados, por outro lado, comprovando que aconteceram de alguma forma. Vide: http://www.time.com/time/world/article/0,8599,1645738,00.html

Temos a questão do Canon bíblico que é extensa e complicada e que não pretendo abordar por ser controverso e mais indicado a especialistas do assunto (clique no hiperlink para saber mais). A única coisa que pretendo referir a esse repeito é a seguinte: Segundo o historiador da Igreja Primitiva, o Bispo Eusébio de Cesaréia (séc. IV), os apóstolos e os evangelistas nunca tiveram em mente deixar qualquer coisa por escrito (note que a grande maioria dos apóstolos nada escreveu), quando o fizeram foram forçados por situações especiais, como a impossibilidade de se encontrar com alguma comunidade, por exemplo (ver História Eclesiástica, III, 24,3-7). Ponto.

Se alguém me pergunta se creio que a Bíblia é a verdadeira palavra inspirada por Deus minha resposta é sim! Mas se me perguntarem "por que?" o melhor que consigo responder é "porque ela é logicamente coesa". Qualquer outro tipo de argumentação dá brechas pra críticas e trivialidades que desviariam de um evangelismo efetivo.

O que resta a nós, meros mortais, acreditar além da lógica do credo Cristão? Não muito já que a maioria de nós não foi e nem será especialista em história, e mesmo que fôssemos... TA-DAAAAAAM!!! Lei da autoridade... Não é preciso ser o Dr. House pra saber que não é porque um fulano diz uma coisa que essa coisa tem de ser verdade. "Everybody lies..."

Um ponto que achei deveras interessante no documentário Zeitgeist é quando afirmam que os cristãos primitivos sabiam das crenças de outros povos sobre:

1-Um messias filho de Deus (Cristo);
2-Nascido de uma virgem;
3-Nascido acompanhado de uma estrela;
4-Que morreria e ressuscitaria.

Agora a coisa esquenta... E enquanto a Jesus?

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