Penso eu que: se o mal não existisse, que valor teria o bem - tendo em vista a impossibilidade de haver escolha? Não seria possível discernir a diferença entre ambos. Partindo do princípio de que o universo tenha um propósito designado, falar de "bem" e "mal" só faz sentido se admitirmos a existência de Deus para estabelecer uma moral absoluta e uma conduta que deva ser seguida, como num manual de instruções para que o "aparelho" realmente exerça a função para o qual foi projetado. Ex.: Uma calculadora que não calcula é inútil. Do mesmo modo, é inútil alguém admitir a existência de Deus sem levar em conta que, se Deus criou algo, teve um motivo e esse motivo nos é comunicado de algum modo, para o cristão, através da Bíblia.
É a partir da noção de diferença entre "bem" e "mal" que concebemos a base de todos os nossos sistemas jurídicos, desde o código de Hamurabi até o Common Law. Precisamos de justiça, se não correspondente, ao menos punitiva.
Em geral imaginamos o “bem” e o “mal” como um dualismo, mas em certas circunstâncias a realidade é cheia de tons de cinza entre o preto e o branco... Será mesmo que "há males que vêm para bem"? E, se há, a punição deve ser um mal aplicado para o bem. Nesse caso, o correto não seria chamar esse “mal” de "bem"? E o oposto? Será possível que exista algum “bem” que, na realidade, não preste?
Ora, sabemos que a criatividade humana se desenvolve melhor ante a dificuldade, a contestação e o desafio. Logo, muitas das produções criativas humanas em arte, tecnologia ou o quer que seja, não seriam possíveis sem o "mal". Se não houvesse o que melhorar e tudo viesse pronto... como poderíamos produzir e progredir?
Há até quem diga que "o mal não é mal em si": Café num copo é café. Café numa camisa branca é uma mancha! Da mesma forma, qualquer conduta pode ser apropriada, a depender do contexto. É deste princípio que Paulo parte ao afirmar: "Todas as coisas me são permitidas, mas nem todas me convém. Todas as coisas me são permitidas, mas não me deixarei dominar por nenhuma" em I Co 6:12, mas isso quase soa maquiavélico nessa interpretação.
Não creio que todos os fins justificam todos os meios. No máximo, alguns. Algo bom colocado no contexto errado certamente é um bem ausente de onde deveria estar. Sexo é um bom exemplo: dentro de um relacionamento amoroso e monogâmico (de preferência o casamento) é algo muito bom, mas no contexto da prostituição ou do abuso é algo ruim. E é preciso lembrar que o apóstolo Paulo falava mais sobre santidade no contexto de I Co 6:12, ou mesmo de maturidade de pensamento, do que de qualquer outra coisa.
O mal pode ser compreendido como a consequência inevitável da rejeição do bem. De fato, o mal é definido, por alguns, como a “ausência do bem ou do que é bom”. Apesar de geralmente encaramos o mal como uma "força de devastação nefasta", de certo modo, o "mal" ajuda a controlar a demografia, movimenta a economia, gera empregos nas áreas de saúde e segurança e assim... facilita nossa vida?(!)
É difícil entrar neste assunto sem chegar a conclusões absurdas mas, se entre todas as possibilidades de existência Deus escolheu (ou permitiu) esta nossa realidade tão cheia de males, então esta deve ser a melhor das possibilidades... Ou a única.
Ótima definição, muito bem argumentada e gesticulada no sentido filosófico do contexto. É como aquele símbolo chinês Yin-Yang, não que exista um pouco de bem no mal, e um pouco de mal no bem, nada a ver. O que quer dizer com tudo isso é que ambos dependem um do outro para existirem, sem mal não existiria bem, pois não poderíamos fazer a distinguição de nenhum, porque não haveria tal existência. Realmente a redenção (ceder) é a nossa possível UNICA escolha. Não adianta querer lutar contra as coisas, pois não venceremos. É melhor viver de acordo com o mundo, mas seguindo as palavras de Paulo, que segundo minha interpretação não era apenas um seguidor de Cristo, e sim (também) um grande pensador (usado por Deus ou não - isso vai de acordo com a opinião de cada um). Parabéns pelo Blog.
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