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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Lobo Conservador - Resolvendo o "Paradoxo de Epicuro"... Ou Não

A matéria de hoje é sobre esse vídeo:




Recapitulando o conteúdo do vídeo, o Trilema de Epicuro, grosso modo, diz:

1-Se Deus é bom e onipotente, não é onisciente.
2-Se Deus é bom e onisciente, não é onipotente.
3-Se Deus é onisciente e onipotente, não é bom.

A resposta filosófico/teológica de praxe que se dá ao Trilema de Epicuro remete a Santo Agostinho: "o mal não existe" por ser mera "ausência do bem". Eu concordei com isso por muito tempo... até perceber que Santo Agostinho deu a resposta ERRADA pro trilema! As premissas de Epicuro não são falsas e as consequências respeitam a lógica. Dizer que "o mal não existe" por ser uma "ausência" é mero jogo de palavras, do mesmo jeito que os físicos não evitam as mortes por hipotermia ao dizer que "o frio não existe, é apenas ausência de calor". 

O também católico Chesterton disse uma vez: "Chegará o dia em que teremos que provar que a grama é verde". Nunca imaginei usar Chesterton pra rebater Agostinho...

Veja: verdade é o que existe. Existem pessoas, atos ou circunstâncias que são más? Claro que SIM! Mas o que isso quer dizer? A pegadinha de Santo Agostinho é dar ao mal um significado de "não-x" (não existente) quando o significado real é "privação", e aquilo que falta é uma "necessidade", e a "necessidade" tem a forma exata daquilo que falta: o buraco da fechadura tem a forma da chave, o quebra-cabeça incompleto exibe a forma da peça perdida, o órgão sexual feminino indica que precisa do masculino para gerar, etc. Mesmo na Matemática, que é uma abstração das leis da lógica, temos, no conjunto dos números reais inteiros, a representação da ausência do que existe porque "a ausência que é uma privação É ALGO".

Vejam só: Eu não estou tentando criar uma nova metafísica, apenas acabo de exemplificar que tanto nossa experiência empírica quanto a lógica exigem que o "nada" no sentido de "privação" seja "algo" porque a ausência de que falamos não implica inexistência, mas a necessidade de algo que existe, porém não está lá. Lembre-se: verdade é o que existe; portanto mentira/inexistência não é o que falta por não estar aqui e agora, mas sim o que não existe! Agostinho tenta nos fazer admitir que "privação", "necessidade" e "inexistência" são a mesma coisa quando NÃO SÃO!

Santo Agostinho está brincando com as palavras sem responder a pergunta de 1 Milhão de Dólares: Por que o mal EXISTE?

Quero deixar claro que existem respostas lógicas adequadas para o problema do mal. De fato, William Lane Craig fez uma palestra inteira no YouTube chamada "O Problema do Mal e do Sofrimento" sobre as respostas ADEQUADAS ao problema, então minha questão não é que não haja resposta para o trilema de Epicuro, mas o fato de Agostinho fugir dele dando uma impressão de resposta que sequer lida realmente com o tema.

Reitero também (assim como no vídeo), que a existência do mal não nega logicamente a existência de Deus, mesmo com o trilema de Epicuro sendo verdadeiro. Assim como eu ser forte o bastante para espancar uma pessoa não determina que eu vá fazê-lo, para Deus ser realmente onipotente, Ele tem que ter a capacidade de nem sempre agir como onipotente. Essa é uma das possíveis respostas: Um Deus realmente onipotente tem de ter o poder de, eventualmente, não agir como onipotente.

Da mesma forma que Agostinho tenta nos fazer confundir "inexistência" e "privação", dizer que Deus não é a causa do mal precisa ser melhor explicado...

Deus não é a "causa eficiente" do mal (pois não é Ele quem o pratica), mas é a "causa final" do mal ao dar as condições para que o mal exista (ou seja, o livre-arbítrio):

"Eu formo a luz, e crio as trevas; Eu faço a paz, e crio o mal; Eu, o Senhor, faço todas estas coisas". Isaías 45:7

Por outro lado, a necessidade do mal para a existência (ou mesmo para identificação) do bem é uma falácia assim como seria dizer que as pessoas só vão comer se tiverem fome: há outros motivos pra comer e há outras formas de reconhecer o bem, pois há muitos tipo e intensidades de bem. No máximo, o que a existência do mal faz é inflacionar o valor do bem, afinal: 

"A quem muito se perdoa, muito se ama", conforme Lucas 7:47.

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