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domingo, 6 de outubro de 2013

PARADOXOS RELIGIOSOS: CATOLICISMO ROMANO (parte 6)


Parte 6 da matéria com as refutações das 21 razões pelas quais a Igreja Católica Romana despreza o princípio de interpretação bíblica da Sola Scriptura.


Argumento Católico 13: Nenhum dos escritos bíblicos originais existe mais.

Refutação: Argumento perpetuamente falacioso. Se nenhum dos escritos bíblicos originais existe mais (o que é questionável) e não há metodologia histórica adequada para saber se as cópias que dispomos (mais de 90% iguais entre si, segundo a arqueologia) são realmente cópias fiéis ao texto original então como não garantir que a religião cristã em TODAS AS VERTENTES, incluindo o catolicismo, não se baseiam num mito de uma entidade chamada Jesus que nunca existiu em realidade?

Primeiramente vamos deixar a arqueologia responder essas perguntas:





Esse argumento, se verdadeiro, destruiria toda a possível racionalidade de seguir a fé cristã, independente de ser católica ou reformada. Acabaria com o Cristianismo como um todo. Além desse argumento básico há o fato de que os protestantes realmente crêem que Deus protegeu os livros sagrados da bíblia de modo que pudessem chegar às nossas mãos hoje (e sabemos que a Bíblia é uma coleção encadernada de VÁRIOS livros que remontam à tradição religiosa, poética e história JUDAICAS além de textos contemporâneos ao nascimento do Cristianismo). Quanto à alegação de que não há base bíblica para essa crença, reconheçamos, se trata de um argumento que demonstra desinformação bíblica, tendo sido o próprio Cristo quem disse:

"Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão." Mateus 24:35

Além de chamar Jesus de mentiroso no tocante a João 5:39-47 onde se lê:

"Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim." João 5:39

E

"Pois se crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu. Mas, se não credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras?" João 5:46-47

Observem que Jesus endossa as palavras da lei de Moisés como sendo sobre ELE porque voltaremos nesse ponto mais adiante.

Ao se posicionar contra a crença protestante de que Deus protegeu as escrituras sagradas de modo que chegassem a nós a igreja católica também contradiz Pedro, a quem chamam de "o primeiro papa", pois Pedro foi quem disse:

"Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que vos foi evangelizada." 1 Pedro 1:25

Tendo sido o mundo criado por Deus através de sua Palavra (Gênesis capítulo 1 e João capítulo 1), e sabendo que nós (mesmo antes do catolicismo) só poderíamos saber e apurar as profecias sobre Jesus ser ou não o Messias mediante os TEXTOS dos profetas e da lei de Moisés do Antigo Testamento (segundo as palavras do próprio Jesus, como vimos acima!) e sabendo ainda que é o Novo Testamento o principal documento que relata a vida do Jesus histórico é uma incoerência que um católico use um argumento desses contra a sola scriptura. É uma incoerência que os católicos rejeitem a sola scriptura porque mesmo as doutrinas que os protestantes rejeitam como imagens no local de culto e pedro como sucessor direto de Cristo são baseadas na interpretação, tradicional e oficial da igreja de Roma, mas ainda assim INTERPRETAÇÃO do texto bíblico que a Igreja Católica tanto alega (contraditoriamente) ter "preservado" durante a Idade das Trevas.

O que se pode admitir seria um posicionamento de que a Igreja Primitiva tinha autoridade na tradição oral (mesmo porque eram contemporâneos dos eventos que descreviam), mas a igreja posterior não detém a mesma autoridade da mesma forma que quem ouviu falar de um crime ocorrido em sua cidade não tem o mesmo peso na descrição do fato que uma testemunha ocular. Lembrando que na ausência da testemunha ocular o peso testemunhal maior cabe à evidência física numa investigação (no caso da Bíblia a evidência escrita, como diz São Lucas em seu livro no capítulo 1:1-4).

Argumento Católico 14: Os manuscritos bíblicos possuem milhares de variações.

Refutação: Argumento perpetuamente falacioso por uso inadequado de hipérbole: caso houvessem milhares de variações bíblicas teríamos vários livros sagrados dissonantes entre si. O que temos em realidade são TRADUÇÕES DOS MESMOS TEXTOS EM MUITOS IDIOMAS.

Quanto à ilustração de possíveis trechos faltando na Bíblia, o protestante poderia simplesmente argumentar que os trechos que eventualmente não figuram na Bíblia não são fundamentos de fé e que Deus protegeu o texto bíblico nos dando o suficiente (mesmo que não o todo) para que soubéssemos quem ele é. De fato, o apóstolo Paulo apresentou uma confissão de fé similar:

"Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma com que sou plenamente conhecido."
I Coríntios 13:12

Não poucos protestantes crêem não na infalibilidade bíblica plena, mas na infalibilidade doutrinária admitindo que a Bíblia não seja completamente livre de erros (pois a mesma Bíblia pode apresentar erros de grafia, tradução e até registra lapsos de memória dos próprios autores, como o que Paulo admite em 1 Co 1:14-16). A Bíblia seria inerrante, sim, em ensinamentos doutrinários como sobre a origem da criação, a origem humana, a natureza humana, a conduta moral correta, o objetivo da criação, o caráter de deus, o propósito da criação, o pecado, o mal e o juízo de Deus. Há de se dizer também que a Bíblia costumeiramente aborda suas doutrinas fundamentais tantas e repetidas vezes que não haveria como perdê-las ou ignorá-las uma vez que doutrinas não podem ser extraídas de versículos isolados, mas de princípios morais presentes em TODA ESCRITURA - nesse ponto entramos em outra das 4 solas que amparam o princípio de interpretação da Sola Scriptura, a TOTA SCRIPTURA. Esse argumento de por si já bastaria.

Argumento Católico 15: Existem centenas de versões Bíblicas

Argumento perpetuamente falacioso por VAGUEZA DE LINGUAGEM. O que existem não são centenas de "Bíblias" todas completamente diferentes. O que temos são centenas (ou mais) de TRADUÇÕES para idiomas e dialetos diferentes. 

Continuação do argumento católico:

"Como mencionado no tópico anterior, existem milhares e milhares de variações nos manuscritos bíblicos. Acrescentado a isto o fato de histórico de que existiram centenas de versões bíblicas, variando cada uma tanto em tradução quanto em fontes textuais. A questão é: qual é a versão correta? ou qual é a versão mais fidedigna ao original? A possível resposta dependerá de qual lado você estiver, ou de católicos ou de protestantes. Outra saída dependerá de qual especialista bíblico você depositará sua confiança e credibilidade. 

É fato que algumas versões são inferiores a outras. Os avanços nos campos arqueológicos possibilitaram descobertas (como os manuscritos do Mar Morto) que alteraram nosso conhecimento sobre locais e linguagens bíblicas antigas. Sabemos mais hoje pelos avanços dos estudos bíblicos que nossos antepassados de 100, 200, 1000 anos atrás. Deste ponto de vista, versões bíblicas contemporâneas provavelmente possuem certa superioridade em relação às suas versões mais antigas. Por outro lado, Bíblias transcritas a partir da Vulgata latina de São Jerônimo (quarto século) - em língua inglesa, a Douay-Rheims - são baseadas em textos originais que não existem mais, portanto estas versões passaram por dezesseis séculos de possíveis corrupções. 

Isto causa um problema considerável aos protestantes, pois significa que os protestantes modernos possuem, por assim dizer, uma versão bíblica melhor ou mais acurada que a Bíblia de seus antecessores, que, portanto, possuíram Bíblias de menor qualidade - que por sua vez leva a concluir que os protestantes modernos possuem uma bíblia "mais completa" como autoridade final que a bíblia "menos completa" que dos antigos protestantes. Só que esta discrepância entre autoridades começa a diminuir a doutrina da Sola Scriptura, pois esta significa que uma bíblia não é mais ou menos autoritária que outra, e se uma não é autêntica e completa, a probabilidade de produzir doutrinas erradas é imensa, logo a função particular da bíblia como autoridade final falha, pois não pode mais ser uma autoridade final.

Outro ponto a considerar é que traduções bíblicas, como produtos humanos, não são completamente objetivas e imparciais. Um pode se sentir mais à vontade de incluir notas a uma passagem de uma maneira que corresponda melhor à doutrina que deseja transmitir"¹


Além disso, o mesmo argumento empregado no final do item 14, falando sobre inerrância doutrinária, desarma o paradoxo católico proposto acima.

A questão das diferentes traduções bíblicas é real na produção de desvios de interpretação, todavia, o Cristianismo bíblico não se encaixa em nenhuma instituição ou denominação religiosa, mas na fé em Jesus Cristo conforme Atos 4. Os desvios de interpretação que vemos em denominações religiosas tem motivações institucionais e não necessariamente um compromisso com a autenticidade da interpretação histórica ou doutrinária das sagradas escrituras.

Continuação do argumento católico:

"Ainda outra consideração é que algumas versões são corrupções bíblicas notáveis, como é o caso da Bíblia dos Testemunhas de Jeová, a New World Translation. Nela os "tradutores" manusearam passagens bíblicas para propagar doutrinas erradas [32]. Agora, a menos que haja uma autoridade fora da Bíblia para declarar tais traduções como falsas e perigosas, com qual autoridade e revelação divina os protestantes podem considerar esta ou aquela tradução como falsa? Com qual autoridade os protestantes podem impedir os Testemunhas de usar esta tradução para difundir suas doutrinas? Os protestantes responderiam que este caso pode ser encontrado na Bíblia, através dos estudos de pesquisadores bíblicos. Contudo isto ignora o fato dos Testemunhas também basearem sua tradução em estudos "especialistas". Forma-se um jogo de vai-e-volta, colocando as conclusões de um especialista contra outro, uma autoridade humana contra outra. 

(...) 32. Entre os vários exemplos que poderiam ser citados, por motivos de espaço, vamos considerar somente algumas ilustrações sobre este assunto. Em Jo 1,1, a NWT traz, "...e a Palavra era um deus" e não "e a Palavra era Deus", isto porque os Testemunhas rejeitam a divindade de Cristo.(...)

Este problema somente pode ser resolvido pela intervenção de um magistério infalível e com autoridade de falar por Cristo.

O mesmo argumento de "vagueza de linguagem" cabe para a tradução tendenciosa dos Testemunhas de Jeová: embora deixe margem para sugerir que Jesus não seja Deus, mesmo a tradução tendenciosa NÃO CONFIRMA que ele não o seja. Haja vista haver outras passagens bíblicas sobre a divindade de Cristo (Salmos 110:1-2, João 5:18, 10:30, 14:9, Filipenses 2:5-11, Hebreus 2:9-18), isso não seria mais uma evidência contra o "magistério" e em favor de Deus ter preservado o sentido principal de sua Palavra?


Referências:


Leia a postagem anterior em Parte 5.
Continua na Parte 7.

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