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domingo, 22 de maio de 2011

Diacho! E não é que o mundo não acabou ainda!

Mais dia menos dia sempre aparece algum maluco com previsões da data do fim do mundo. Até aí tudo bem, nós sabemos que existe um percentual de pessoas que, por vários motivos, não pode contar com um atendimento psiquiátrico de qualidade, mas o fato da maioria desses auto-proclamados arautos o fim dos tempos se dizer cristão me incomoda.

Dessa vez foi o movimento “cristão” Family Radio Worldwide, e para quem não viu, o mundo “acabou” ontem, dia 21 de maio de 2011. Sempre a mesma lenga-lenga: Nostradamus nas idas da Idade Média previu o fim para o ano 2000, os Testemunhas de Jeová também o fizeram em 1874 e, não satisfeitos, repetiram a dose em 1914 e em 1975 sem falar no infame movimento 2012... Tenha santa paciência. Mesmo sir Isaac Newton, pai da física, era meio fissurado com o tema e resolveu “prever” (e por prever leia-se “chutar uma data”) para o fim do mundo em 2060. Façam suas apostas!

Para os interessados em pesquisar um pouco mais, tem até um infográfico com as datas e os responsáveis por divulgar as “previsões” que vale à pena checar. Para ler, clique aqui.

Partindo do princípio que um cristão é um seguidor de Cristo que o reconhece que Cristo é Deus as palavras do mestre vêm clarear a questão a respeito do fim de todas as coisas: Mateus 24:35-36 diz: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar. Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.”

Jesus pregou sobre o fim do “mundo?” Sim. Mas sobre a data o máximo que conseguiu responder foi “E eu sei lá!”. A melhor pista dada por Ele está em Mateus 24:14, onde diz “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.” Problemas teológicos à parte Jesus antes da ressurreição não era plenamente onisciente por conta de ter se tornado tão limitado quanto um humano – o que pra nós seria equivalente a ser transformado de humano pra lesma e tentar ensinar às lesmas física quântica sendo que nós mesmos também teríamos cérebros de lesma, se é que me entendem. Jesus estava limitado ao que os humanos podem saber.

Enquanto à lógica da questão? A idéia de fim do mundo é perfeitamente coerente com as leis da lógica. O pensamento segue 3 leis básicas:

1 – Princípio da Identidade: Uma coisa só pode ser igual a ela mesma. Logo, O fim de TUDO tem que ser o FIM DE TUDO. Qualquer tentativa póstuma desses grupos catastrofistas de dar outro significado ao fato de que essa pessoas DETERMINARAM uma data para o FIM DE TUDO só mostra que agiram de má fé e mentiram.

2 – Princípio da Não Contradição: Conseqüente imediato do Princípio da Identidade diz que aquilo que existe é oposto ao seu contrário, assim preto é contrário de branco, luz é contrário de escuridão, ser é contrário de não ser. Como nós organizamos o pensamento por meio de comparações entre coisas e damos nomes a elas está subentendido que aquilo que podemos definir tem um oposto e esse oposto é um NÃO. Exemplo: ESCURO é um estado de AUSÊNCIA de LUZ, mal é a AUSÊNCIA de um bem, morte é a AUSÊNCIA de vida. Daí que a filosofia repete tanto em metafísica a questão do “ser e não ser”. Basicamente nosso pensamento se organiza pelo sistema binário de EXISTE E NÃO EXISTE, VERDADEIROE FALSO. Assim sendo aquilo que começa vai acabar. Para quem nunca estudou nada de lógica, aqui vai um exemplo concreto: A física nos PROVA que o nosso mundo, o universo, mesmo a própria matéria teve um começo e a entropia aponta que, um dia, o universo vai “morrer”, entrar em colapso, se aniquilar, chame como quiser. 

3 – Princípio da Causalidade: Este princípio segue aos anteriores. A idéia de fim só faz sentido para aquilo que teve um começo. Aquilo que teve um começo foi causado. Se teve um começo terá fim. Para detalhar: Se foi causado não é perfeito. Se não é perfeito depende daquilo que o gerou. Se depende de algo, é sujeito a falhas. Se é sujeito a falhas pode entrar em colapso por si só ou ser destruído se submetido a certas condições.

Ok, então o mundo vai acabar? Tudo aponta nessa direção. Mas datar o fenômeno não é sensato sem partir das evidências. Será que as pessoas não param pra pensar que se algo vai acontecer ele deixa indícios? A idéia de dar uma data para o fim do mundo sem apontar as CONDIÇÕES é no mínimo ridícula. Para o cristão é ainda mais ridícula uma vez que a premissa básica para o “começo do fim” é a pregação do evangelho em todo mundo, coisa que sabemos não aconteceu. Há lugares na África onde se vende Coca-Cola mas não se sabe quem foi Jesus. Dentro do próprio Brasil, em comunidades indígenas do Acre, por exemplo. Duvida? Veja você mesmo:





O catastrofismo é algo tão atraente para as pessoas que os psicanalistas chamam de “pulsão de morte” – uma fascinação bizarra pelo fim da vida e/ou o que possa provocá-lo. Se seguirmos essa linha de raciocínio nós evidenciamos que o pensamento reconhece como NECESSÁRIA a idéia de aniquilamento. Pode-se notar que a maioria (se não todas) as religiões conhecidas tem um equivalente ao “fim de tudo”, os nórdicos tem o Ragnarok, o Islão tem o Quiyamah; os cristãos tem o juízo final (não amigo, não é “apocalipse”, apocalipse é um termo grego que significa “revelação” e o último livro da Bíblia só tem esse nome porque o apóstolo João, isolado na ilha de Patmos, teve uma série de visões reveladas por Deus – daí o nome) e a lista segue passando pelos panteões maia, egípcio, persa, etc, etc, etc.

A questão não é quando o mundo vai acabar mas “o que você faria se o mundo acabasse esse dia?” Examine pois a si mesmo (1 Co 11:28) e arrependam-se, pois o reino de Deus está próximo (Mateus 4:17) e horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hebreus 10:31).

Pra encerrar separei algumas canções pra reflexão, aproveitem!









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