Vede que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição.
Dt. 11:26
Seja o vosso falar "sim, sim" "não, não" porque o q passar disso é de procedência do maligno.
Mt. 5:37
Porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.
Ap. 3:16
São notáveis os avanços tecnológicos advindos, inicialmente da descoberta da eletricidade e, posteriormente, da informática. Ambos provocaram grande fervilhar que mudou grandemente nossa relação cotidiana com o mundo. Algo análogo ao primeiro e ao segundo boom tecnológicos é que ambos se baseiam na chamada lógica binária. Lógica binária é um sistema de linguagem numérica semelhante ao sistema decimal, com a diferença de que usamos apenas 0 e 1 ao invés de todos os algarismos de 0-9 para efetuar operações matemáticas. É a base da eletrotecnia considerando-se que a maioria da aparelhagem que não carece de software só precisa diferenciar ligado e desligado, zero e um pra funcionar (já q a estrutura do objeto, o "corpo" da máquina, por si só já consegue executar a função para a qual foi feito, como é o caso de uma lâmpada ou um filtro de linha, por exemplo). A informática parte da mesma idéia, pois cria diversas combinações de 0 e 1 que permitem efetuar cálculos a partir de leituras elétricas de ligado e desligado - a partir dos quais criamos nossos softwares e o funcionamento de máquinas mais complexas. Não caberia aqui explicar toda a evolução matemática que resultou nisso, pois vem desde os primórdios, ou mesmo a eletrônica, visto q chegou num ponto em q a rapidez das mudanças tornou impossível acompanhar satisfatoriamente numa matéria de blog! O estranho é notar o quanto a lógica binária se repete na natureza. Os físicos apontam a gravidade e o eletromagnetismo como as forças básicas e mais elementares do universo. O átomo mais simples que existe (de Hidrogênio) possui apenas um próton e um elétron, e é o elemento mais presente no universo. As manifestações elétricas mais comuns se resumem a energia positiva e negativa, mesmo assim determinam a maior parte das interações físico-químicas... Interações que tornaram a vida possível. Até nosso corpo funciona à base de eletroquímica... Mesmo o pensamento humano e a moral não escapam a uma redução binária: fazemos nossas escolhas a partir do que julgamos verdadeiro ou falso, bom ou mal, desejável ou repulsivo. Nossos relacionamentos seguem essa regra binária pelo amor e ódio. Outro exemplo possível está na esfera do pensamento lógico maduro. É necessário lembrar que, muito embora usemos a lógica proposicional (sintaxe, semântica, pragmática e dialética) para falar, o sistema referencial (absoluto) sobre o qual construímos alegações de lógica provável, substancial ou inegável (todas elas relativas) ainda é o sistema binário. Não há possibilidade de pensamento sem noção de verdadeiro e falso. Verdade e existência são sinônimos. Para entender melhor, acompanhe minha linha de raciocínio abaixo: Sem essa nossa "programação lógica" não nos seria possível construir sequer um pensamento, racional ou não (já que a informação não pode apresentar duplicidade contraditória nem a nível molecular - o que passar disso na física é erro de interpretação lógica e, em última análise tudo o que existe é composto de informação lógica, até a porção da mente humana inconsciente). A Lógica Epistemológica está intimamente ligada à Neurolingüística: área do conhecimento que visa decifrar os mecanismos pelos quais são expressas comunicações conscientes e inconscientes entre os seres humanos, especialmente a nível bioneurológico, uma de suas ciências auxiliares de maior importância é a Neuropsicologia que nos permite elucidar certos detalhes mais ocultos. É apenas uma curiosidade, mas, os defensores da neutralidade me perdoem, haja visto que, se me permitem a comparação: embora útil, o neutro não é necessário/obrigatório pra fazer a tomada onde eu ligo o computador funcionar. A base da realidade me parece dualista... a menos que tudo seja um grande coincidência, mas isso não parece muito provável. Observem como essa intuição parece se encaixar na lógica:
Primeiros Princípios da Lógica:
1. Princípio da Causalidade - Todo efeito (ou seja, tudo que é produzido...) necessita, pela lógica, de uma ou mais causas que lhe iniciem. "Todo efeito tem uma causa criadora e toda causa é criadora em algum grau. Não existem categorias ou tipos diferentes de causas (como pensava Aristóteles), mas de efeitos. Todo efeito tem uma ou mais causas. Todo efeito, como sendo causado, não pode ter causado a si mesmo (algo implícito na própria natureza contingente do conceito expresso pela palavra) e, já que a causa precisa ser necessariamente maior e anterior que o efeito por ela causado como se constata empiricamente (esse princípio só se manifesta de forma cognoscível, só nos damos conta dele em sua plenitude, a partir de nossas experiências concretas e sensoriais), Todo efeito causado tem uma função (mesmo que ela não seja cognoscível). Logo, do nada, nada pode sair. Outra forma de como esse princípio lógico se apresenta é: "inexistência não é existência". Ex.: Se eu digo que não existo, provo o contrário - já que preciso existir pra negar minha própria existência. Esse princípio necessita do Princípio da Não-Contradição para fazer maior sentido.
2. Princípio da Não-contradição - Base do sistema binário que compõe os processadores de computador. Afirmativo lógico da idéia de que duas afirmações opostas num mesmo sentido e ao mesmo tempo não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. Uma implica na inexistência da outra, logo tornam-se mutuamente excludentes. Todo processamento de informações na mente humana depende, em última análise, da comparação, já que a mente apresenta apenas os mecanismos necessários para a construção de idéias*; o que torna os pontos de referência tão importante, já que sem eles é impossível se estabelecer comparações e, logo, pensar - muito menos localizar contradições em suas idéias (único método de investigação conhecido lógica e cientificamente até então para a descoberta da Verdade. Consiste na observação, formulação de hipótese, experimentação, construção de teoria a partir dos dados experimentados e busca de contradições nesse sistema e em comparação com outros sistemas que foram desenvolvidos por outras pessoas para explicar a mesma situação que foi analisada antes por você.). Qualquer reivindicação de verdade é exclusivista. Toda proposição que afirma uma coisa nega outra por implicação lógica assim como um músculo obrigatoriamente tem de relaxar para que outro se contraia. Ex.: Uma pessoa crente de que idéias opostas podem ser iguais ao mesmo tempo e num mesmo sentido ou contexto não acredita que seja verdadeiro o oposto do que ela afirma.
3. Princípio da Identidade - Pressupõe o Princípio da Existência e, em conjunto com o da Causalidade, complementa o da Não-Contradição. Afirma que uma coisa deve ser conceitualmente igual, única e exclusivamente a si mesma enquanto continuidade de sua própria existência. Se assim não fosse, ela nunca seria ela mesma, o que é o mesmo que não existir propriamente. O conceito de oposição se baseia no diferente - que, por sua vez, poderia ser qualquer diferença ou variação. Logo, a realidade não pode ser uma só para tudo e, embora as existências possam ser interdependentes, a realidade é plural e múltipla mesmo que se considere como originada de uma única causa criadora primordial.
Vale lembrar que esses argumentos não podem ser contestados já que toda e qualquer tentativa de desmenti-los (os Primeiros Princípios Lógicos) carece, antes, de utilizá-los, o que acaba por comprová-los. Não se poderia construir um pensamento sequer sem essas noções. Outro detalhe importante sobre os Primeiros Princípios é que, em diversas vezes eles se apresentam nas premissas como um predicado dentro do sujeito. Ex.:
Duvido que estou duvidando.
Logo, continuo duvidando.
Os 3 Princípios Fundamentais que nos permitem pensar são REDUTÍVEIS A VERDADEIRO E FALSO! Além dos 3 principais Primeiros Princípios apresentados, temos as noções de tempo-espaço e os raciocínio indutivo e dedutivo que nos permitem, volta e meia, regular, administrar, complexificar e até deturpar essa programação inicial ao analisar a experiência sensorial. Tomemos o exemplo do raciocínio dedutivo¹:
Ex.: Todo homem vai morrer. (Premissa Maior = Generalização.)
Bill Gates é homem. (Premissa Menor = Idéia Específica.)
Bill Gates vai morrer. (Conclusão Automática conseqüente das premissas.)
O sistema em si é "infalível" apenas se os termos não forem vagos e se for respeitada a lei da não-contradição (ou lei do terceiro EXCLUÍDO, repito: LEI DO TERCEIRO EXCLUÍDO - NÃO HÁ NEUTRALIDADE nesse nível): há apenas duas possibilidades de significado que podem se revelar como CERTEZAS: verdadeiro e falso!
Compare agora o raciocínio dedutivo com o raciocínio indutivo: É em que consiste o método científico como conseqüência de a ciência usar a lógica, mas não ser totalmente fiel a ela, já que preza mais o conhecimento empírico e aplicável a alguma função de mercado. Trata-se de conhecimento "estatístico". Ao contrário do pensamento dedutivo, o raciocínio indutivo parte do específico para o geral. O método indutivo pode-se dizer que se classifica no escopo das "verdades prováveis". Soa como um "... pela amostragem ser limitada, não posso construir absolutos, mas verdades temporárias, então, sou levado a crer que..." Com todo seu valor, o formato indutivo é mais apregoado que o dedutivo, mas isso gera algumas dificuldades pela desproporção do treino que temos neste método de investigação em detrimento do primeiro...
Advogados, em geral, por exemplo, apelam para a lógica dos sofismas (sentenças lógicas, mas não verdadeiras por apresentarem inverossimilidades nas premissas, construídas com o único intuito de fazer parecer que se tem razão, assim como frases de efeito ou ditados populares, mas insustentáveis diante dos primeiros princípios quando expostas as evidências em sua totalidade e consideradas todas as variáveis em análise), que não passam de artifícios para ludibriar os outros em benefício próprio e que podem em diversos casos ser produto de indução. Exemplos hipotéticos:
1 - Se existem 3 cores de flamingos mas quem argumenta sabe que ouvinte, a quem quer convencer, só conhece uma, ele acusará de mentiroso quem tenha testemunhado um flamingo de outra cor.
2 - Suponha agora que existam flamingos de inumeráveis cores, quem argumenta poderia insistir na impossibilidade de se conhecer a cor de um flamingo visto mesmo que uma única e verdadeira testemunha ocular insistisse que era azul.
É um exemplo muito simplista, mas o que quero mostrar é que indução só ocorre quando a informação está incompleta ou exagerada. A indução não é confiável pois pode levar a um paradoxo de impossibilidade de conhecimento e não é ampla o bastante porque dependeria de repetições do fenômeno e maior número de observadores. Paradoxalmente, quando há a possibilidade de verdade é maior, mas não é garantida. Ainda assim é redutível ao binário: Quem tentar provar que ocorreu um pênalti que ninguém tenha visto (nem ele, ou, a não ser ele) só pode provar que há 50% de chance de estar certo (ou errado).
Toda essa dificuldade de conhecimento, todavia, pode ser driblada se admitirmos que existem categorias/tipos de verdade/existência.
Vamos estabelecer o conceito de verdade = correspondência entre os fatores variáveis dispostos num problema, ou seja, verdade é o suficientemente correspondente entre o existente e o comunicável, que permite a construção de um conceito cognoscível, ok? Que tipos de correspondência pode haver entre o existente e o comunicável? Há 4 formas:
*Verdade Provável (categoria de verdade situacional) - São as verdades "matemáticas", por assim dizer. Amplamente possíveis, prováveis e coerentes. Contudo,a verdade absoluta não é apenas o que é coerente, abrangente, provável ou que funciona para se executar uma tarefa ou explicar algo. É construída a partir de dados experimentais, matemáticos, indutivos e sempre depende de metragem. Perfeitamente utilizável na realidade concreta, mas apresenta limitações: precisa de constante reciclagem, é passível de mudança súbita mediante novas descobertas.
*Verdade Substancial (categoria de verdade situacional) - É a verdade de um fato concreto ou daquilo que é, ou que ocorreu no tempo e no espaço. Pode ser questionada no referente a até onde conhecemos o que nos cerca. Noções como a de eterna transformação como a de Heráclito se baseiam nisso. Ex.: Filmes como Matrix ilustram como pode haver um disparate entre a realidade e o que nós achamos ser real. Se eu digo: "Hoje, dia 30 de setembro de 2006, às 16h e 21min, eu, Jean, sinto frio." - trata-se de algo verdadeiro pra mim se eu realmente estiver sentindo frio (coisa que só eu sei), mas não é verdadeiro se estiver se referindo a, por exemplo, alguém que esteja no equador na mesma data e hora, ou de alguém que esteja muito bem agasalhado e tomando chá quente sentado bem na minha frente. Isso é o mais próximo que se chega de verdades individuais como "cada um, cada um".
*Verdade Inegável (categoria de verdade absoluta) - De tão alta verossimilidade, não pode, sob hipótese alguma, ser descomprovada (categoria de verdade dos Primeiros Princípios). Sem elas não poderíamos sequer construir um simples pensamento. No entanto, nem sempre dizem respeito ao que existe. Ex.: todo triângulo tem 3 lados é uma verdade inegável, embora não implica que exista algum triângulo na realidade.
*Verdade Necessária (categoria de verdade absoluta) - ou verdade ontológica, é uma verdade que não só é impossível de ser negada como é também impossível de não existir (categoria de verdade dos Primeiros Princípios), já que dela implica a existência de todas as outras categorias.Intenção não é verdade, assim como verdade não é algo agradável, nem algo relativizado (em última análise). A verdade só pode ser individualizada enquanto verdade substancial, não enquanto conceito (construído a partir dos Princípios Lógicos como o "monstro de Frankeistein", mas a partir de dados principalmente induzidos), ou como verdade inegável. Se a realidade existe e podemos pensar nela, no mesmo modo como para cada desejo existe uma forma de satisfação (ainda que ela não seja completa) e eu digo que a verdade não corresponde à realidade, o que digo quer dizer algo correspondente à verdade. Logo o que digo é falso. Se eu penso por comparações e se as comparações só fazem sentido na oposição de idéias - o que é necessário para que exista o conceito de correspondência - afirmações factuais precisam corresponder aos fatos para ser verdadeiras.
Texto adaptado do blog http://midnight777.wordpress.com
Já notaram que sempre há algum grau de maniqueísmo em qualquer religião? Desde o zoroastrismo até a umbanda, passando pelo conceito oriental de Yin-Yang... e não há nada mais que lógica binária... em alguns casos até mal utilizada (algumas religiões orientais não englobam o chamado Princípio da Identidade*, por exemplo).
Existência ou inexistência, verdadeiro e falso, sim e não. Tudo que há pode ser simplificado nesses termos binários. "Talvez" é baixa velocidade de processamento, um "sim" ou "não" disfarçado, um modo de pessoas indecisas ganharem tempo numa determinada escolha. Aí você poderia perguntar: -Afinal, o que isso tem a ver com o Deus bíblico? Leia novamente os versículos do início, na verdade, leia a Bíblia toda, leia estudos sobre religiões comparadas: o padrão de comunicação do Deus bíblico é binário! A questão então é: teria Deus programado o universo para funcionar a partir desse sistema, ou seria uma analogia lógica pela qual Ele poderia ser minimamente entendido por nós? Talvez as duas coisas. Proximidade ou distância dEle, bênção ou maldição, amá-Lo ou deixá-Lo, Céu ou Inferno. Ao mesmo tempo que Jesus se apresenta como A Verdade (Jo 14:6), o diabo é apontado como pai da mentira (Jo 8:44). A verdade é o tema central da Bíblia. E adivinha... Ela é binária.
Inspirado em:
DESCARTES, René. Discurso do Método. 4.ª ed. (1.ª ed. original 1637). Gomes P, tradutor. Lisboa: Guimarães Editores, Lda.; 2004.
GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. Itens: Primeiros Princípios; Natureza da Verdade. 2001. Editora Vida. 932 páginas.CURY, Augusto Jorge. Inteligência Multifocal. 1999. Editora Cultrix. 344 páginas.
LEIBNIZ, Gottfried W. De arte combinatória (Sobre a arte da combinação), 1666.
Quanto mais nossa tecnologia avança, mais perto ficamos dos conceitos que Deus usou desde a eternidade.
ResponderExcluirPensamento filosoficamente interessante Yasmin, mas não acho q seja possível alguém acreditar real e literalmente no q vc disse. Afirmações como o "ser humano não é racional", ou "Herbert Simon provou" me fazem perguntar o q Simon e vc chamam de "provar" ou de "racional"...
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=QFLxazu6pCw
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